Diálogo,
autoestima e perdão. Este foi o eixo do Seminário de Formação Inicial em
Educação Emocional e Social para Família e Comunidade, iniciada no último dia
16 e concluída ontem, terça-feira, 24, na Paraíba, do qual participaram cerca
de 2.000 educadores, gestores escolares do ensino fundamental I e II e
coordenadores do PSI – Primeiros Saberes da Infância das 14 gerências regionais
de educação.
A
formação, conduzida pela equipe da organização Inteligência Relacional, foi
oferecida pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Educação
(SEE). Estiveram envolvidas 622 escolas de 187 municípios. Após esse processo
de formação dos educadores, cerca de 188 mil famílias de alunos do Ensino
Fundamental I e II e EJA da rede estadual serão beneficiadas. As famílias serão
convidadas a irem à escola dialogar sobre as emoções da família e como essa
interação família/escola pode contribuir para o desenvolvimento escolar dos
alunos e na construção de uma comunidade escolar sem violência.
Os
últimos polos a vivenciarem a capacitação dos educadores que irão desenvolver o
trabalho de educação emocional com as famílias foram os de João Pessoa e o de
Campina Grande, encontros realizados anteontem (segunda-feira 23) e nesta
terça-feira 24. Trabalhar a educação emocional na rede pública estadual de
ensino, com a implantação da Liga Pela Paz, foi uma iniciativa importante do
Governo da Paraíba, segundo avaliação de Maria dos Prazeres, coordenadora
estadual dos Primeiros Saberes da Infância.
Ela
frisa que, antes da Liga Pela Paz, havia essa carência na escola, de um
trabalho voltado ao emocional das crianças. Acrescenta que os avanços positivos
de comportamento e aprendizagem dos alunos chegaram às famílias, que agora
também estão sendo incluídas nesse novo modelo de educação comunitária, que
visa a construção da paz e o fortalecimento das redes de apoio. “A partir do
momento que fizermos esse trabalho da Liga Pela Paz com as Famílias, elas verão
a escola de outra forma. Os pais dos alunos passarão a dar um maior valor à
comunidade escolar e ajudar mais na educação de seus filhos, que por sua vez
terão maior desempenho na aprendizagem”, disse Prazeres.
Wleica
Honorato Aragão Quirino, gerente da 1ª Gerência Regional de Educação, destacou
a situação de risco que vive grande parte dos alunos, sejam com pais que sofrem
do alcoolismo e outras drogas, pais detentos, crianças que convivem com vários
tipos de violência em casa. "Ao levar educação emocional para essas
famílias, como foi feito com alunos e professores ano passado, penso que
podemos mudar essa realidade. Há muita força de vontade nessa direção. Tudo só
se muda através da educação do ser humano. Cada ser humano é que tem que ser
mudado para que se possa mudar um todo na sociedade”, enfatizou Wleica.
Multiplicando conhecimento
Trabalhar
a Liga Pela Paz tem sido um aprendizado constante para a educadora Luzianeide
Maria Barbosa, da EEEF Itan Pereira, de Campina Grande. Diz que a cada encontro
de formação da Liga Pela Paz absorve o máximo de informações para o seu
desenvolvimento profissional e pessoal. Para ela, trabalhar a família dos
educandos é algo primordial, essencial na construção da paz na escola e comunidade.
“Todas as escolas devem ter uma mesma linha de atuação de educação emocional. A
partir do instante que começarmos a trabalhar a família a escola irá melhorar
muito mais. Isso porque a família também é carente. Quando elas souberem dos
objetivos, da intenção de ajudar no desenvolvimento emocional e na aprendizagem
de seus filhos vão participar ativamente desse processo”, comentou Luzianeide.
Muitas
crianças hoje possuem como referência, como ídolos, não os pais ou familiares,
mas cantores, jogadores de futebol. Para Júnia Barbosa, diretora do novo e
moderno Centro de Formação de Educadores de Campina Grande, onde ocorreu o
seminário de formação, “É preciso fazer o resgate dessas crianças para os
valores paternais e trabalhar a família na escola é uma ação de gestão escolar,
que deve pensar e dialogar com ela assuntos que fazem parte de seu cotidiano,
do seu dia a dia”.
Júnia
enfatiza, ainda, que a família perdeu seu referencial de educar os filhos,
passando toda a responsabilidade para a escola, mas que dentro dessa proposta
de trabalhar o emocional dessa família, acredita na maior interatividade dos
pais com toda a comunidade educacional.
A
gerente regional da 3ª GRE, Ítala Gitânia Simplício diz que só haverá êxito da
educação se a família estiver inserida no contexto. Comenta que a Liga Pela Paz
traz um norte de como trabalhar o desenvolvimento emocional junto à comunidade.
"Caso não haja essa união, o que é construído na escola pode ser
desconstruído na família”, afirmou.
Família: 1ª educadora
Terezinha
Figueiredo, coordenadora do Núcleo de Ação Pedagógica da 3ª GRE, diz que quem
primeiro educa é a família e a educação formal vem complementar a
sistematização do conhecimento. Fala que é de suma importância o momento que a
educação estadual vive hoje, colocando a família no centro das reflexões,
visando a construção da paz na escola e comunidade. “Muitos educadores vinham
há tempos pedindo para que a família também tivesse suas emoções trabalhadas.
Existe entusiasmo dos educadores para trabalharem o conteúdo elaborado pela
Inteligência relacional em suas unidades de ensino com os pais de alunos”,
informou.
Terezinha
Costa, gestora da EEEF Senador Humberto Lucena, de Campina Grande, elogiou a
parceria do Governo do Estado com a Inteligência Relacional, possibilitando a
implantação da metodologia Liga Pela Paz e assim trabalhar a educação emocional
das crianças, e agora com seus pais, nessa nova etapa. “Acredito que
trabalhando com os pais, não é uma tarefa muito fácil, iremos melhorar nosso
desempenho”, completou.
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