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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

AUTOESTIMA UMA LEITURA SAUDÁVEL



            Na coluna de hoje, pela importância social, científica e política, apresentamos o texto O alívio da dor humana como direito básico e o papel do Psicólogode autoria da Psicóloga clínica Morgana do Nascimento, que tem cursos de residência e especialização em Terapia Antálgica (Tratamento da Dor) e Cuidados Paliativos no Hospital A.C. Camargo, São Paulo/SP. Atualmente ela está instalando sua Clínica em João Pessoa e  atua como Psicóloga Clínica no Hospital de Trauma Dr. Tarcísio Burity Mangabeira em João Pessoa, PB. O resumo do referido texto foi publicado no jornal Correio da Paraíba, edição de 16/01/2011, caderno Homem e Mulher, secção Conversa aberta, de responsabilidade do Conselho Regional de Psicologia da Paraíba. A seguir o texto. Leia-o e faça bons proveitos.


O ALÍVIO DA DOR HUMANA COMO DIREITO BÁSICO E O PAPEL DO PSICÓLOGO

Morgana do Nascimento
 
            "Iniciemos lembrando um pouco os gregos do passado. Para ser feliz e saudável, esse povo ia aos templos ou procurava os sábios para aprender a cuidar de si mesmo, conhecer a si mesmo e aliviar a melancolia e as dores. Hoje, para alcançarmos esses objetivos ou desejos, devemos buscar sistematicamente os profissionais da saúde, dentre esses o Psicólogo.

Sabe-se também, que desde a sociedade primitiva, a dor constitui uma das grandes preocupações da humanidade, sobre a qual o homem sempre procurou as razões que justificassem a sua ocorrência e os procedimentos destinados ao seu controle. Os xamãs - considerados os mais antigos profissionais do mundo, precursores dos médicos e sacerdotes modernos - tratavam  a dor associando religião, magia e ciência. Na Ásia, África, Austrália, Europa e Américas, ao longo da história dessas civilizações, utilizou-se a hipnose no tratamento da dor.

Hoje, considerada pela Organização Mundial de Saúde/OMS como um problema de saúde pública, a dor afeta pelo menos 30% dos indivíduos durante algum momento da sua vida e, em 10% a 40% deles, tem duração superior a um dia. Acrescente-se ainda: a dor é uma das principais causas de sofrimento e de incapacitação para o trabalho, ocasionando graves conseqüências biológicas, emocionais, socioculturais e econômicas e, no Brasil, é a maior causa de demanda ambulatorial.

De fato, embora em nosso país não haja dados epidemiológicos precisos, mesmo assim, com base na demanda cotidiana dos serviços de saúde, pode-se dizer que a ocorrência de dor tem aumentado entre os brasileiros nos últimos anos. No mundo, calcula-se que a incidência da dor crônica varie entre 7% e 40% da população e cerca de 50% a 60% dos portadores desse tipo de dor ficam parcial ou totalmente incapacitados, de maneira transitória ou permanente, comprometendo de modo significativo a qualidade de vida.

Há pouco tempo, ao lado do pulso, da pressão arterial, da respiração e da temperatura, a dor física foi adotada como o quinto sinal vital. Tal adoção serviu para promover melhoria na qualidade da atenção em saúde, bem como facilitou a comunicação entre os membros da equipe (de saúde) e os usuários dos serviços. Sem dúvida, a legitimidade do controle da dor e cuidados paliativos àqueles pacientes com dor aguda, crônica e terminal, veio encorajar os clínicos e demais profissionais de saúde a utilizar universal e regularmente as ferramentas disponíveis para a medição e o tratamento da dor.
Na verdade, o alívio da dor é atualmente visto como um direito humano básico e, portanto, trata-se não apenas de uma questão clínica, mas também de uma situação ética, de cidadania e dignidade humana que envolve todos os profissionais de saúde. Existe ainda o reconhecimento de que a dor não tratada pode afetar adversamente o estado de recuperação em cirurgias e pode levar a uma dor crônica, de longo prazo e, obviamente, com custos financeiros e sociais elevados.
As principais formas de dor são: aguda, crônica e recorrente. Em todas elas estão presentes variáveis psicossociais e culturais. Contudo, pela importância epidemiológica quanto a sua incidência, morbidade, custos sociais, econômicos e trabalhistas; gostaríamos de destacar a dor crônica, o tipo bastante freqüente na vida diária de muitos brasileiros, sendo um dos motivos para tantas intervenções clínicas e cirúrgicas, algumas vezes de alto custo e pequeno benefício, por não contemplar no protocolo de procedimentos técnicos os aspectos multifatoriais e multidimensionais. Vale realçar que a dor crônica termina por ser causa e efeito da dor da alma, isto é, a dor psicológica, a que mais machuca, magoa e atrapalha, provocando mudanças de humor nas pessoas e consequentemente interferindo no cotidiano e qualidade de vida.
Para melhoria dessa situação veem sendo desenvolvidos em todo o Brasil exitosos projetos. Existe consenso que o processo doloroso envolve aspectos biológicos, emocionais e socioculturais, exigindo, portanto, os cuidados de uma equipe multiprofissional, composta de enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, psicólogos e profissionais com bastante experiência e capacitação para uma assistência no tratamento eficaz e humanizado da dor humana. Por outra parte, pode-se afirmar claramente e com justiça que, embora ainda muito recente, o tratamento psicológico específico para a dor crônica em muitos serviços de saúde tem demonstrado excelentes resultados, proporcionando melhor qualidade de vida para o portador, com redução dos sintomas, diminuição dos medicamentos e até prevenção de intervenções cirúrgicas. Em síntese, reserva-se um futuro promissor para os especialistas em terapia antálgica.
Ficou demonstrada, neste artigo, a validade do argumento de que a dor envolve aspectos biológicos, emocionais, sociais, culturais e econômicos, portanto requer uma assistência multiprofissional. E que, em síntese, conforme fundamentos adaptados de Loduca e Samuelian, o papel do Psicólogo no tratamento da dor é, dentre outros, compreender o contexto envolvido na queixa do doente [...] priorizar o esclarecimento sobre a importância da avaliação psicológica e utilizar recursos que facilitem ao indivíduo perceber o papel da emoção na dor[...] e investigar a maneira como a dor tem inferido no cotidiano do doente.”

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