A previsão é que novo tratamento beneficie cerca
de 100 mil novos pacientes com HIV e aids. Para a aquisição de 7,3
milhões de comprimidos, foram investidos R$ 36 milhões
O Ministério da Saúde enviou esta semana, a
todos os estados brasileiros, o medicamento 3 em 1 para o tratamento de
pacientes com HIV e aids. A previsão é de que a dose tripla combinada,
composta pelos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e
Efavirenz (600 mg) comece a chegar aos estados, responsáveis pela
distribuição para os municípios, na próxima semana. A combinação de
medicamentos deverá beneficiar 100 mil novos pacientes com HIV e aids. O
Ministério da Saúde investiu R$ 36 milhões na aquisição de 7,3 milhões
de comprimidos. O estoque é suficiente para atender os pacientes nos
próximos doze meses.
O uso do medicamento 3 em 1 está previsto no Protocolo Clínico de
Tratamento de Adultos com HIV e Aids do Ministério da Saúde como
tratamento inicial para os pacientes soropositivos. Atualmente, os
medicamentos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e
consumidos, separadamente. Os Estados do Rio Grande do Sul e Amazonas,
que possuem as maiores taxas de detecção do vírus, recebem, desde
novembro, a dose tripla combinada. Nesse período, cerca de 11 mil
pacientes foram beneficiados nos dois estados.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a dose combinada representa
um avanço importante na melhoria do acesso ao tratamento de aids no
país. “A utilização de dose fixa combinada (3 em 1) irá permitir uma
melhor adesão ao tratamento de pessoas que vivem com HIV e aids. Além de
ser de fácil ingestão, o novo medicamento tem como grande vantagem a
boa tolerância pelo paciente, já que significa a redução dos 3
medicamentos para apenas 1 comprimido ”, explicou o ministro.
INCORPORAÇÕES – Em 2014, o Ministério da Saúde
incorporou novas formulações para os pacientes com aids, como o
ritonavir 100 mg, na apresentação termoestável, que permite que o
medicamento seja mantido em temperatura de até 30°C. A incorporação
representou um importante avanço uma vez que o medicamento distribuído
anteriormente no SUS necessitava de armazenamento em câmara fria. A
apresentação termoestável proporciona maior comodidade aos pacientes,
facilitando a logística de armazenamento, distribuição e dispensação.
Em dezembro, o SUS passou a oferecer o medicamento tenofovir 300 mg
composto com a lamivudina 300mg em um único comprimido, o chamado 2 em
1. A nova formulação, produzida nacionalmente, é distribuída pela
Farmanguinhos/Fiocruz. Ainda em dezembro, o Ministério da Saúde passou a
garantir a todos os adultos com testes positivos de HIV, mesmo que não
apresentem comprometimento do sistema imunológico, o acesso aos
medicamentos antirretrovirais contra a aids pelo SUS. A medida também
integra o novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e
Aids.
TRATAMENTO - Entre 2005 e 2013, o Ministério da
Saúde mais do que dobrou o total de brasileiros com acesso ao
tratamento, passando de 165 mil (2005) pra 400 mil (2014). Atualmente, o
SUS oferece, gratuitamente, 22 medicamentos para os pacientes
soropositivos. Desse total, 12 são produzidos no Brasil.
Em julho de 2014, a revista britânica The Lancet, uma das mais
importantes publicações científicas da área médica, divulgou um estudo
mostrando que o tratamento para aids no Brasil é mais eficiente que a
média global. Segundo o estudo, as mortes em decorrência do vírus HIV no
país caíram a uma taxa anual de 2,3% entre 2000 e 2013, enquanto a
média global apresenta uma queda de 1,5% ao ano.
“Esses números compravam o sucesso da política que vem sendo adotada
pelo governo brasileiro, com o aumento da realização de testes e o
início cada vez mais cedo do tratamento. No entanto, ainda temos como
desafio incluir uma parcela significativa de pessoas na terapia com
antirretrovirais. Isso ajuda a romper a cadeia de transmissão, além de
proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas vivendo com HIV e
aids”, avaliou o ministro Chioro.
A rede de assistência conta hoje com 518 Centros de Testagem e
Aconselhamento (CTA), 712 Serviços de Assistência Especializada (SAE) e
724 Unidades de Distribuição de Medicamentos (UDM). Gradualmente, as
Unidades Básicas de Saúde estão sendo incorporadas na atenção aos
pacientes vivendo com aids e HIV.
De acordo com o novo boletim epidemiológico, atualmente cerca de 734
mil pessoas vivem com HIV e aids no país. Deste total, 80% (589 mil)
foram diagnosticadas. Desde os anos 80, foram notificados 757 mil casos
de aids no país. A epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de
detecção em torno de 20,4 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso
representa cerca de 39 mil casos de aids novos ao ano.
Por Nivaldo Coelho, da Agência Saúde
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