“Está tudo bom não. Como posso dizer que está tudo bom se perdi meu marido e quatro filhos?”. Esta foi a resposta de uma senhora, aparentando seus 60 anos, em lágrimas, para uma saudação educada de uma amiga. E ainda se queixou do sofrimento que enfrentaria para voltar a pé para sua residência, bastante longe de onde se encontrava, carregando as molduras com as fotos que acabara de retirar dos túmulos.
Dia de Finados, cemitérios lotados, dia de homenagear os mortos, trazer à tona eternas lembranças, sentimentos que acabam vindo à flor da pele. Muitos chegam apressados, acendem velas nos jazigos dos entes queridos e vão embora. Outros, que na noite anterior fizeram a limpeza dos túmulos, agora colocam com cuidado flores, acendem velas ficam em família relembrando momentos da breve ou longa convivência com aqueles que já se foram para outro plano escolhido por Deus.
Há também aquele que prefere o silêncio. Encostado ao túmulo parece manter longa conversa a dois. Ali reza, derrama suas lágrimas que descem sem receio, sem vergonha, aliviando o coração. Na visita de cemitérios há aqueles que vão sem muito compromisso de orar por alguém, fazem peregrinação, visitam inúmeros túmulos, olhando as fotografias na porcelana, nas molduras e passam a questionar a família sobre a quem pertencia o jazigo, quando e como falecera.
Dia de Finados não é só dedicado aos mortos. Que o diga o vai vem de ambulantes, muitos garotos, oferecendo velas, fósforo. Também não faltam cachorro-quente, espetinhos, sorvete, água mineral, flores, bomboniere e uma série de outros produtos. Planos de assistência à família aproveitam para fazer propaganda de seu serviço, distribuindo calendários.
Nessa tradição de reverenciar os mortos, também cumpri meu papel cristão, acendi velas, rezei por todos os meus que se foram e pedi intercessão junto ao Pai para que tenhamos um mundo mais ético, de respeito mútuo, de muita paz e saúde para todos.
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