Ivanúcia Lopes*
Tornar-se o olho do outro na hora “H” e no lugar “X” é quase que um superpoder! Eu diria um supermegapoder! Porque embora pareça missão de dublê, o repórter não deixa de ser um herói.
E não se torna herói pelos brios de seu papel. Mas pelos riscos em seu papel, literalmente.
Nesta quarta-feira, dia 16 de fevereiro, é comemorado o dia do repórter, o profissional caçador de novidades, o garimpeiro de notícias, o dublê dos olhos de vidro com mãos de caneta! Porque caçar não seria o bastante senão fosse a câmera pendurada, as ferramentas do mailing no garimpo, e o risco constante de perder a presa ou de ser engolido por ela. O risco de garimpar o terreno sem ofuscar o brilho das pedras ou a visão transparente do público.
E não se trata de maquiar, mas de translucidar. Desembaçar. Trata-se do zelo à retina alheia, do cuidado ao tempo do outro, e do respeito ao público que vê, lê e ouve.
Cheia de riscos, a profissão de quem reporta [ou missão de quem se importa] seria, pois, metaforicamente, o ofício da liga dos heróis. Da liga da Justiça. De quem corre pra informar, e pra formar opiniões. De quem se mantém online o dia todo e ligado todo dia pra não ter sono de hora marcada, mas ter um furo, uma cartada. É senso de quem sacrifica o dia e de quem toma chá de cadeira, mesmo sem achar bom.
E a caçada vira filme: aventura, ação, drama ou policial. Na telinha dos pequenos ou no plasma dos colossos. Vira plantão no ‘motor radio’, nas difusoras, no som do carro e no ouvido de quem faz mil e uma coisas enquanto se informa. E os episódios estampam as páginas dos jornais e revistas. E como se não bastasse, ainda é preciso superpoder pra estar instantaneamente por dentro de tudo, na web.
Repórter não anda. E repórter que corre chega tarde. Ele tem mesmo é que voar, assim como o tempo [é sério!]. Afinal, não se trata apenas de ouvir o ‘tic-tac’ dos ponteiros, mas de sentir as marteladas do deadline te empurrarem pra rua e te puxarem pra redação [como ioiô].
E não se trata de aventura inconsequente. Nem estou falando de dom, apenas, nem tampouco de tecnicismo. Eu diria que um misto de sensibilidade e ousadia não faz mal a ninguém, mas a falta de ética nunca faz bem. Desconheço receitas prontas, mas creio na destreza na ponta da língua e do lápis [também dos dedos no teclado], afora a consciência, conhecimento e as habilidades trabalhadas nos bancos da academia.
Porque como qualquer outra profissão, defendo o aperfeiçoamento, a formação superior. E não porque eu julgue que sem ela alguém seja incapaz de ser também da nossa ‘Liga’, mas porque com formação teremos uma prática profissional baseada em preceitos éticos e democráticos, essenciais para o exercício do jornalismo [ou para a missão de risco do repórter]. Não se trata de cercear a liberdade de expressão, mas de qualificar o exercício profissional daqueles que optaram viver por um triz.
A todos nós, repórteres [heróis sem capa], que se arriscam para assinar as capas e os miolos, parabéns!
Na essência, as suas caçadas têm dado certo.
*Jornalista formada pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP). Mestranda em Letras pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). Página na Web: http://www.folhaemdia.com
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