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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Marina Silva foi a entrevistada do JN desta terça-feira


A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, foi entrevistada ao vivo nesta terça-feira (10) no Jornal Nacional pelos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. A presidenciável Dilma Rousseff (PT)  foi entrevistada na segunda-feira (9) e José Serra (PSDB) será ouvido na quarta-feira (11). A ordem das entrevistas foi definida em sorteio.


Ela respondeu a perguntas dos entrevistadores durante 12 minutos. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas dos primeiros 7 minutos (daqui a pouco, estará pronta, neste link, a transcrição na íntegra).


Fátima Bernardes: O Jornal Nacional dá continuidade hoje à série de entrevistas com os principais candidatos à Presidência em que nós abordamos questões polêmicas das candidaturas e o desempenho do candidato em cargos públicos que já tenha ocupado. Também o Bom Dia Brasil e o Jornal da Globo realizarão entrevistas nas próximas semanas. O sorteio, acompanhado por assessores dos partidos, determinou para hoje a presença da candidata do PV, Marina Silva. Boa noite, candidata. Muito obrigada pela presença.


Marina Silva: Boa noite, Fátima.


Fátima Bernardes: Bom. E o nosso tempo de 12 minutos dessa entrevista começa a ser contado a partir de agora. Candidata, a sua atuação na vida pública, como ministra, como senadora, foi especificamente voltada para a questão do meio ambiente. A senhora não tem uma experiência administrativa em outra área, em nenhum outro setor. Como é que a senhora pretende convencer o eleitor de que a sua candidatura é para valer e que ela não é apenas uma candidatura para marcar posição nessa questão do meio ambiente?


Marina Silva: Em primeiro lugar, Fátima, chamando a atenção da sociedade brasileira para a relevância das coisas que a gente está vivendo hoje, e eu sempre penso da seguinte forma: até 2014, qual será a temperatura da Terra? Até 2014, quantas crianças ainda continuarão sem ter a chance de chegar sequer à oitava série? Até 2014, quantas pessoas serão soterradas pelas enchentes por falta de cuidado? E, até 2014, quantos produtos nós não perderemos em função da falta de infraestrutura? Quantas oportunidades nós não perderemos em função da falta de educação de qualidade? E então...


Fátima Bernardes: Quer dizer que a sra. acha que essa questão do meio ambiente passa por todos esses outros setores?


Marina Silva: Com certeza. A minha candidatura é para agora porque o Brasil não pode esperar. Todas essas questões que eu coloquei agora para você, Fátima, elas são uma emergência, uma emergência para o cidadão que fica na fila esperando horas e horas para poder fazer um exame, uma emergência para a mãe que quer ter dias melhores para o seu filho porque ela já não aguenta mais a vida dura que tem e uma emergência para o Brasil, que tem imensas oportunidades de se desenvolver com justiça social, de melhorar a vida das pessoas...


William Bonner: Agora, candidata, perdoe, a senhora é candidata do Partido Verde e, até este momento, apresenta-se na eleição sem o apoio de nenhum outro partido. Se a senhora não conseguiu apoio para formar agora uma aliança antes da eleição, como é que a senhora vai formar uma base de sustentação para governar o Brasil depois, dentro do Congresso Nacional?


Marina Silva: Olha só, Bonner, eu acho que para mim é até mais fácil, sabe? É mais fácil, pelo seguinte: porque eu fico olhando para a ministra Dilma e para o governador Serra e eles já estão tão comprometidos com as alianças que fizeram que eles só podem repetir mais do mesmo, do mesmo quando foi o governo do presidente Fernando Henrique, que ficou refém do fisiologismo dos Democratas. E o presidente Lula, mesmo com toda a popularidade, acabou ficando refém do fisiologismo do PMDB.


William Bonner: Mas veja o raciocínio, o raciocínio que eu proponho...


Marina Silva: Deixe só eu completar meu raciocínio, por favor...


William Bonner: É que tem a ver com isso...


Marina Silva: Não, eu sei, eu sei, só para que a gente possa concluir. É, então, como eu estou dizendo que, se ganhar, eu quero governar com os melhores e já estou dizendo que é fundamental um diálogo entre o PT e o PSDB, estou dizendo que eu quero governar com a ajuda deles. Então eu vou compor uma base de sustentação já respaldada pela sociedade com essa ideia de que nós temos que acabar com a situação pela situação e com a oposição pela oposição e trabalhando a favor do Brasil. É assim que eu quero trabalhar. É isso o que eu estou dizendo e, pode ter certeza, quem pode estabelecer um ponto de união entre essas forças que não conversam e que nos seus oito anos de oposição ou de situação se confrontaram se chama Marina Silva.


William Bonner: A questão que eu ia colocar é a seguinte: se a senhora não conseguiu formar essa base de apoio agora, depois da eleição, uma base de apoio que se forme depois da eleição, não tem uma tendência maior ao tal fisiologismo que a senhora mesmo está criticando?


Marina Silva: Não tem, não tem...


William Bonner: Uma barganha de cargos federais...


Marina Silva: Não tem, Bonner, não tem. Sabe por quê? Porque existe muita gente boa em todos os partidos.


Fátima Bernardes: A senhora olhando para o seu partido, a senhora considera que o PV, ele tem quadros, olhando para os seus colegas, para governar o Brasil?


Marina Silva: Ele tem alguns quadros. Mas quem foi que disse que para governar você tem que governar apenas com os quadros de seu partido?


Fátima Bernardes: Não, eu estou perguntando porque ainda não há um acordo estabelecendo outras alianças.


Marina Silva: O presidente Lula teve de governar, inclusive, com quadros do PSDB. O PSDB trouxe quadros da sociedade, da academia. Eu, quando estava no ministério do Meio Ambiente, por exemplo, eu peguei as melhores pessoas que estavam na academia, que já estavam na gestão pública, que estavam dentro, enfim, de ONGs, sim, mas as pessoas mais competentes. E quando precisei, toda vez que precisei, Bonner, de aprovar leis no Congresso, a Lei de Gestão de Florestas Públicas, por exemplo, fundamental para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, eu consegui aprovar os meus projetos com o apoio de todos os partidos, conversando com todos os partidos. É isso que o Brasil precisa. O Brasil precisa de um olhar que coloque em primeiro lugar as necesssidades dos brasileiros, da saúde, da educação, da segurança pública, da infraestrutura.


William Bonner: Ok.


Marina Silva: O nosso país não pode mais esperar e perder tempo com essa briga que não nos leva a lugar nenhum.


William Bonner: Candidata, vamos falar então... A senhora mencionou a questão, o papel do partido político. A senhora declarou já em algumas entrevistas que deixou o governo Lula e deixou o PT porque discordava da maneira como era conduzida a política ambiental no governo. No entanto, se nós voltarmos no tempo até aquele período do escândalo do mensalão, a senhora não veio a público para fazer uma condenação veemente daquele desvio moral de alguns integrantes do PT. A pergunta que eu lhe faço é a seguinte: o seu silêncio naquela ocasião não pode ser interpretado de uma certa maneira como uma conivência com aqueles desmandos?


Marina Silva: Não, Bonner, não foi conivência, e também não foi silêncio. É que, lamentavelmente, todas as vezes em que eu me pronunciava eu não tinha ninguém para me dar audiência e potencializar a minha voz. Mas eu falava.


William Bonner: A senhora diz dentro do governo?


Marina Silva: Dentro, fora.


William Bonner: Dentro do partido?


Marina Silva: Publicamente, nas palestras que eu dava, eu sempre dizia que aquilo era condenável, que deveria ser investigado, e que deveriam ser punidos todos os que praticaram irregularidades.


William Bonner: Mas, ministra...


Marina Silva: Agora, o que eu dizia sempre, Bonner, era uma coisa, é o seguinte: é que nem todos praticaram erros. E eu não pratiquei. Conheço milhares de pessoas que não praticaram o mesmo erro. E dentro do PT tinha muita gente que combatia junto comigo. Agora, para combater contra a falta de prioridade para as questões ambientais, aí eu era uma minoria. E foi por isso que eu saí. Eu saí porque não encontrava o apoio necessário para as políticas de meio ambiente que façam esse encontro entre desenvolver e entre proteger as riquezas naturais.

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