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domingo, 25 de abril de 2010

A SEXUALIDADE HUMANA

Iara da Silva Machado
A sexualidade humana não se restringe a vida adulta, muito menos aos aspectos meramente reprodutivos. É a partir da ampliação do conceito de sexo que poderemos ter melhor compreensão de nós mesmos e de todo o processo evolutivo do ser.
Em um sentido mais amplo, Eurípedes Kühl define o sexo como um meio de canalizar energias para dar forma e produzir o que quer que seja levando ao prazer da concretização e da realização.
Na criança a energia sexual está canalizada para a exploração do seu próprio corpo e, utilizando os seus órgãos sensoriais explora o ambiente que a cerca. O primeiro contato de prazer é vital e gerador de fortes vínculos afetivos: a amamentação. Embora o prazer sentido ao ser amamentado seja totalmente diferente do prazer sexual adulto, é a partir dessa troca com a mãe que começa a despertar o impulso sexual na criança, no sentido de prazer/desprazer. Ao amamentar, portanto, a mãe não apenas nutre o bebê fisicamente, mas estabelece com ele vínculos afetivos e energéticos de extrema importância para seu desenvolvimento psicoemocional e sexual.
Para Sigmund Freud, médico e fundador da Psicanálise esta seria a Fase Oral do desenvolvimento psicoafetivo, em que a criança tem a tendência de levar tudo à boca, canalizando as energias sexuais para as atividades orais. Quando a criança começa a aprender a controlar a evacuação, seus impulsos concentram-se na região anal, e só por volta dos três anos de idade é que passarão aos órgãos genitais. Dessa idade até a puberdade ficam sem maiores manifestações, quando então despertam e o indivíduo passará a direcionar os seus impulsos na busca de um (a) parceiro (a). Embora limitada aos aspectos genitais e de procriação, e restrita à busca do prazer, a visão de Freud é correta. Sua teoria foi revolucionária num período histórico em que se acreditava que as crianças eram seres assexuados e que a sexualidade originava-se somente na puberdade.
Na fase infantil, povoada de reflexos, ansiedades e fantasias, compete aos pais apoiar seus filhos nessas dificuldades, todas elas geradas inconscientemente. Nessa fase, falam alto os reflexos, já que as inteligências ainda não comandam a maioria das ações, até porque não houve tempo para internalizações e sedimentações de aprendizados.
Do nascimento até por volta dos seis meses a criança produz fantasias rudimentares, já que sua percepção do mundo é igualmente rudimentar. Por serem inconscientes, as fantasias escapam ao controle da criança, predominando então os instintos. Essas impressões reaparecerão na segunda infância, por volta dos seis anos, em forma de descobertas e brincadeiras ou jogos sexuais entre crianças.
A tarefa orientadora dos pais deve ser a de transformar positivamente as manifestações emocionais e ações físicas da criança. Quanto mais cedo possível houver esses cuidados, mais congruência existirá entre o pensar, sentir e fazer do ser humano nas fases posteriores do desenvolvimento, podendo gerar assim gerações de adultos mais íntegros e saudáveis, menos reprimidos ou castrados emocionalmente e mais conscientes da manifestação do desejo, da vontade e do erotismo natural.
Quanto ao sexo, ante a espontânea curiosidade infantil, em que a criança toca a si mesma ou aos amiguinhos, ou faz perguntas sobre as diferenças fisiológicas, tais eventos devem merecer por parte dos pais ou cuidadores diretos atitudes de compreensão e respostas honestas, sempre ao nível da idade cronológica da criança.
Na adolescência é importante que os pais tenham conhecimento das transformações hormonais e possam informar aos seus filhos sobre estas fases, ajudando-os nesses entendimentos decorrentes da fase, não só com textos teóricos, que os jovens podem e aprendem nas escolas, mas com exemplos verdadeiros das suas próprias dúvidas, experiências, vivências, medos, acertos da fase do adolescer.
Se houver em qualquer época a descoberta da masturbação como vício, o assunto poderá será analisado entre pais e filhos, ou entre mães e filhas, conforme o caso. Argumentando com tranqüilidade, os pais poderão ajudar os filhos a sentirem prazer em outras atividades de lazer, esportivas ou outras que auxiliarão a preencher os impulsos naturais do corpo.
O sexo é uma força criadora e está presente em todos os seres vivos, qualquer que seja a idade, a sua forma de expressão é que varia a cada etapa da vida. Portanto reconhecer este campo de energia como instrumento natural a ser utilizado a favor do humano, como fonte de aprendizagem, beleza e inteireza é uma proposta inteligente de refletir sobre a qualidade que podemos dar à vida, minimizando a promiscuidade e o erotismo negativo e ampliando a percepção do prazer na saúde integral.
A psicóloga Iara Machado é colunista do pbnoticias e garimpandopalavras

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