Inácio Andrade Torres – 05/09/09
OS QUE EU AMO
Nuno de Montenor é o pseudônimo do escritor Joaquim Augusto Álvares de Almeida. Nascido em Portugal, no século XIX, ele foi ao mesmo tempo militar e exerceu a carreira eclesiástica. Seus escritos têm grande repercussão na Europa e no Brasil. O texto abaixo, extraído de seu livro “Amor de Deus e da terra” é um convite para refletirmos sobre a importância do amor na sua plenitude e indistinção.
Eu amo sempre os desprezados e os esquecidos, como a abelha prefere a flor desconhecida da colméia; é mais puro e abundante o mel das flores ignoradas, e mais suave a bondade das pessoas que ninguém lembra...
Eu amo os que têm fome, porque, ao dar-lhes do meu pão, o gesto com que o recebem abençoa o pão das minhas searas.
Eu amo todos os que sofrem, porque a sua virtude é como a das plantas cheirosas, que, quanto mais se torturam e pisam, mais alto elevam o perfume...
Eu amo todos os vencidos, se a luz da consciência os guiava no combate, e respeito os triunfadores, se espalham os louros no túmulo dos que venceram.
Eu amo os pobrezinhos que sobem, rezando, a escada do meu lar, porque a sua oração purifica a minha casa, deixando nela a paz dos templos.
Eu amo os que cantam no trabalho, porque a sua alegria é uma força criadora, e venero os que trabalham, sofrendo, porque nas suas lágrimas corre o heroísmo.
Amo também os que são felizes, se, na sua casa sempre aberta, se lembram os desventurados que andam, pelo mundo, sem esperança.
Eu amo, enfim, a dor e a alegria quando elas se ajudam, nós homens, como se casam a sombra e a luz, para fazerem um quadro de maravilha.
Coluna publicada simultaneamente com o pbnoticias.com
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