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terça-feira, 15 de abril de 2008

Prevenção à gripe

Começa no próximo dia 26, se prolongando até 09 de maio, a Campanha Nacional de Vacinação Contra Gripe, que pretende imunizar contra o vírus idosos acima de 60 anos. Hoje as doenças respitarórias são uma das maiores causas de mortes e internações do público senil no País. Em Patos todos os postos do Atenção Básica vão oferecer a vacina.
O Garimpando Palavras reproduz uma entrevista do infectologista João Silva Mendonça concedida ao médico Drauzio Varela, que aborda bem o tema.


Dr. João Silva de Mendonça é médico, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. Trabalha no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo onde dirige o Serviço de Moléstias Infecciosas.

Vacina contra a gripe

Drauzio
– Vale a pena tomar a vacina contra a gripe?
João Mendonça – A vacina contra a gripe se enquadra numa situação muito particular. Trata-se de uma vacina trivalente, ou seja, cobre três vírus gripais, os três mais prevalentes no momento em que é utilizada. Para saber quais são, a Organização Mundial de Saúde mapeia o mundo inteiro à procura desses vírus para qualificá-los e atualizar permanentemente a vacina. Mas, como já disse, os vírus da gripe sofrem constante mutação. Portanto, de uma hora para outra pode surgir um vírus novo e a vacina precisa ser novamente atualizada.
Se considerarmos o componente da vacina próprio para o vírus gripal que está circulando, a proteção se situa em 80%. No entanto, se esse vírus não está entre os três componentes da vacina, a proteção é muito ruim, falha muito.
Como exemplo, podemos citar o que sucedeu recentemente nos Estados Unidos. A formulação da vacina usada no último inverno foi decidida em fevereiro de 2003 e os fabricantes começaram a produzir milhões de doses para serem distribuídas no Hemisfério Norte. No intervalo entre a pesquisa e a distribuição, porém, apareceu um mutante novo e não houve tempo para incorporá-lo à vacina. Conseqüência: a cada quatro pessoas que tiveram gripe nos Estados Unidos, três tiveram por causa do mutante não contemplado na vacina. Nesse caso, não se pode dizer que a vacina não funcionou. Ela apenas não estava adequadamente atualizada, pois o mutante apareceu quando já estava sendo fabricada. No Brasil, esse problema não se repetirá porque as doses que serão distribuídas no pré-inverno estarão devidamente atualizadas para esse mutante novo.

Drauzio – Quando deve ser administrada essa vacina?
João Mendonça – A vacina consta de uma dose única que idealmente é administrada no pré-inverno. Considerando o inverno brasileiro, a aplicação deve ocorrer nos meses de fevereiro, março e abril, para que as pessoas estejam protegidas antes que a temperatura caia. No Hemisfério Norte, a vacinação começa em setembro.

Drauzio – A vacina da gripe é recomendada para crianças pequenas e indivíduos acima dos 60 anos. Quem mais deve tomar essa vacina?
João Mendonça – A vacina é indicada preferencialmente para as pessoas de risco: crianças muito pequenas, nos primeiros dois anos de vida com a ressalva de que a eficácia não é muito boa abaixo dos seis meses de idade, e para os idosos (segundo a classificação do Ministério da Saúde, pessoas acima de 60 anos). Entre esses dois limites de idade, são preferenciais as pessoas com doença de base pré-existente que facilite a possibilidade de complicações, como os diabéticos e os doentes renais crônicos. Para a maioria da população, portanto, tomar a vacina contra a gripe passa a ser uma decisão individual. Grandes empresas costumam vacinar todos os funcionários e a estatística revela que esse procedimento reduz substancialmente o absenteísmo.

Drauzio – Tem gente que garante que tomou a vacina num dia e no outro estava gripado.
João Mendonça – Esse é um mito que precisa ser desfeito. Como a vacina não tem vírus vivo, em hipótese alguma pode provocar a doença. Se a pessoa ficou gripada, não foi por causa da vacina. É preciso lembrar que o período de incubação do vírus da gripe é de um a três dias e que a pessoa já podia estar incubando o vírus que pegou de um amigo, de um parente ou de um vizinho, quando foi vacinada. Portanto, a gripe que teve não foi uma reação da vacina, mas resultou da contaminação pelo vírus que estava presente na comunidade.

Vacina

A vacina contra a gripe é produzida com base nas três cepas (subtipo de vírus) de maior circulação no Hemisfério Sul. Essa combinação eleva a capacidade de proteção da vacina. A vacina leva duas semanas para produzir efeito e deve ser tomada todos os anos. Os vírus presentes na vacina estão mortos e não podem se reproduzir e provocar a doença. Isto significa que a vacina não causa gripe.
Só não podem ser vacinados aqueles que têm um quadro raríssimo de alergia comprovada à proteína do ovo, uma vez que a dose é produzida em embriões de galinha.

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