Aconteceu na manhã desta terça-feira 25 no Salão
Paroquial de Teixeira, o I Encontro de Educação Permanente em Saúde, que contou
com a presença de agentes comunitários de saúde, de endemias, NASF - Núcleo de
Atenção à Saúde da Família, atenção básica da microrregião de Teixeira,
Cacimbas, Desterro e Matureia, equipe da sexta Gerência Regional e Ministério
Público.
O objetivo do encontro, cerca de 200 pessoas, foi
criar um polo para discutir processos de trabalho, tendo como foco: ponto
eletrônico, intersetorialidade, indicadores de saúde e atribuições das três
esferas de governo.
O ponto eletrônico está sempre na pauta das
discussões da CIRs - Comissão Intergestores Regional do Sertão. Todos os
municípios da região de Patos foram orientados pelo Ministério Público Federal
a implantarem o ponto eletrônico, isso depois de uma avalanche de reclamações
dos usuários do SUS insatisfeitos com a falta de atendimentos dos postos de
saúde, especialmente pela falta de médicos. A intenção é fazer o controle de horário e
carga horária dos profissionais da área de saúde.
Matureia foi um dos municípios pioneiros na
implantação do ponto eletrônico, isso ocorreu em 2012. Segundo o prefeito
Daniel Dantas, mesmo com o ponto, o problema ainda acontece, com faltas
médicas. O mesmo diz o secretário municipal de saúde, João Paulo. Fala que os
profissionais das duas equipes do PSF estão sempre presente ao trabalho, mas a
carga horária do médico nem sempre é respeitada.
O procurador do Ministério Público Federal, Dr.
Felipe Albernaz, diz que o MP recomendou a vários municípios do Sertão a
implantação do ponto eletrônico, algo adotado há muitos em órgãos públicos
federais, que beneficia os trabalhadores que honram com seus deveres. “Trata-se
de uma medida fundamental para o controle da carga horária dos profissionais de
saúde, não apenas médicos, mas dentistas, enfermeiros, enfim todos os
funcionários que trabalham na atenção básica”, comentou.
Ele criticou a folga, citando o exemplo de Patos, o
qual denominou de ato ilegal, concedida ao médico, um privilegio, já que esse
profissional é obrigado a cumprir suas 40 horas semanais e ganha por isso. Diz
que o MP também já recomendou que isso não fosse permitido. “Não se trata de
perseguição política, do administrador municipal para perseguir o funcionário
público, mas uma medida de moralização, de fiscalização do cumprimento da carga
horária. Vale lembrar que essa medida foi adotada a partir de várias
reclamações de que médicos, dentistas não vinham cumprindo sua carga horária ao
longo da semana. A única possibilidade de vislumbramos foi a recomendação do
ponto eletrônico, para poder fiscalizar o cumprimento da carga horária”,
explicou.
Felipe Albernaz pediu aos gestores que não apenas
implantassem o ponto eletrônico, mas que também o regulassem, falando de todas
as regras, de forma bem clara, para segurança do servidor. Enfatizou ser é
importante que o ponto eletrônico, inclusive o banco de horas, deve ser bem
discutido pelo gestor com os servidores.
Outra recomendação do Ministério Público diz
respeito a obrigatoriedade de emissão de certidão ao usuário do SUS que por
ventura não consiga atendimento nas unidades de saúde, hospitais, para que o
servidor esteja apto é emiti-la, explicando o motivo desse não atendimento,
seja por falta de profissional, de medicamento, equipamento ou outros. “O
usuário tem que receber essa certidão, trata-se de um direito constitucional,
para que possa tomar as atitudes de direito”, acrescentou.
O apoiador matricial da 6ª GRE, Paulo Sérgio,
considerou o encontro um marco histórico para a região, e que, "a partir
deste momento, caminharemos mais unidos, coesos por uma saúde pública
melhor". Destacou o trabalho dos ACS, Agentes Comunitários de Saúde,
trabalho iniciado com Dona Rita Rosa, que coordenava a Pastoram da criança de
Teixeira. “São vocês que conhecem todos da cidade, são o elo que transforma,
que cuida, que abraça”, falou da importância dos ACS para a atenção básica.
Sérgio frisou a importância de fazer parceria com
instituições de ensino, como universidades, Itec, IFPB, para qualificar cada
vez mais os funcionários, algo que irá refletir diretamente no atendimento.
Isso um dos propósitos desse fórum permanente de educação continuada, levado
inicialmente para esses quatro municípios da área de Teixeira.
O
representante do MP tocou numa ferida, provocada justamente por falhas de
atendimento nas unidades de saúde, a exemplo do não cumprimento da carga
horária do médico, dentista, falta de medicamentos, que acaba gerando grande
migração de pacientes para o Hospital Regional de Patos Dep. Janduhy Carneiro,
que só no primeiro semestre deste ano realizou 45 mil atendimentos, grande
parte teria resolutividade no PSF, de mais de 100 municípios da PB, RN, PE e
até do CE, uma sobrecarga que atrapalha a urgência e emergência.
De
posse de planilhas, o gerente regional, José Leudo Farias, apresentou
estatísticas de atendimentos no HRP, além do balanço de algumas vacinações nos
quatro municípios que participaram do encontro desta terça-feira, como a de
pólio, HPV, com os índices alcançados por cada um deles.
“Levaremos
esse encontro a todas as microrregiões da 6ª GRS. É muito importante oferecer
uma educação continuada aos profissionais para que possam zelar melhor pela
saúde da população. Em relação à presença do MPF no encontro, foi em boa hora,
principalmente para discorrer sobre o ponto eletrônico, algo ainda não muito
aceito pelos servidores. O ponto eletrônico não vem para punir os bons
funcionários, apenas para controle, cumprimento da carga horária, como prevê a
legislação”, falou José Leudo.
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