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Filósofo António Válles |
Marcos Eugênio
Reunir estudiosos, pesquisadores
para contribuir para uma formação de pessoas que estão comprometidas com uma
educação de mais qualidade. Este é o objetivo central do I Seminário
Internacional de Educação Emocional, que acontece hoje e amanhã (sexta-feira
05) em João Pessoa, na Estação Ciência Cabo Branco.
Uma das idealizadoras e
coordenadoras do evento, professora-doutora e escritora Elisa Pereira Gonsalves,
diz que está havendo uma falência na maneira de se trabalhar dentro das
escolas. Para ela, uma das causas tem sido a preocupação cognitiva (aquisição
do conhecimento). "A questão do universo emocional tem sido um mistério para
nós, por que ainda não conseguimos entender direito, e os cursos de formação
não nos ajuda a entender como é que podemos compreender as emoções no aluno e
fazer com que essas emoções colaborem com o aprendizado dele, para que ele seja
melhor na vida. Não é uma coisa só atrelada à Matemática, português, é algo muito
que isso", explicou.
A pesquisador disse que é fundamental o ensino da
educação emocional na escola pública. Falou da série de emoções presentes em
determinados atos, citando a violência escolar, como exemplo o bullying. Explica
que a raiva, o medo, aversão ao outro, estão em todos os processos de
violência. “Se o professor não consegue identificar, trabalhar bem cada emoção
dessas, não adianta só punir, castigar, então ele estará mexendo lá na ponta e
não na prevenção. A educação emocional age como uma prevenção aos atos
violentos”.
Hoje no Brasil há vários grupos em instituições de
ensino, a exemplo das universidades, desenvolvendo estudos na educação
emocional. O que espera dos resultados oriundos do I Seminário Internacional,
que reúne pesquisadores de todos os cantos do Brasil e de outras nações, Elisa
acredita que essas pessoas vão se unir e formar uma só rede, expandir esses
conhecimentos, e que a universidade possa voltar seus interesses para uma
intervenção prática, não ficando presa às quatro paredes. “Temos que trabalhar
junto com os professores, com a sociedade”, enfatiza.
Sobre seu último livro, lançado durante o
seminário, com o título “Educação e Emoções”, apresenta uma nova metodologia
destinada aos professores, para que estes possam trabalhar as emoções de seus
alunos, individualmente ou em grupo. Defendo que não é preciso ser psicólogo para
trabalhar a educação emocional. Um pai, uma mãe, tio, avó, todos nós somos
educadores emocionais, querendo ou não você está educando aquela pessoa na
relação que você tem com ela. Esse livro pretende dar mais clareza para que as
pessoas sejam mais conscientes sobre isso”, enfatiza a professora da UFPB.
As pesquisas sobre a educação emocional cresceram
bastante nos últimos anos em várias partes do mundo. Uma dessas referências é o
filósofo e sociólogo chileno, Juan Casassus, conferencista do I Seminário
Internacional de Educação Emocional, ouvido pelo pbnoticias. Ele dirigiu um
amplo estudo solicitado pela Unesco sobre a qualidade da educação na América
Latina, em 14 países, inclusive Brasil.
Questionado sobre o trabalho da educação emocional
na escola disse ser da mais alta importância. Explicou, com base em seus
estudos, que o homem tem que aprender a se relacionar, a se autoconhecer e que toda
aprendizagem depende da emoção. “As experiências com o estudo da emoção estão acontecendo
em muitas escolas de países distintos, uma pequena revolução no processo de
aprendizagem. “Vivemos numa sociedade marcada por muita violência, frustração,
raiva, tristeza, isso é um problema muito duro para as escolas”, opina,
defendendo um modelo de ensino que olhe com mais carinho para as crianças e adolescentes,
atendendo os anseios destes, melhorando a interatividade emocional entre estes
e a escola.
Outro filósofo e estudioso da educação emocional, também
palestrante do seminário, Antônio Válles, da Universidad de Alicante – Espanha,
comentou que a educação emocional está relacionada ao desenvolvimento das
competências de perceber, expressar e valorizar as emoções, e que os programas
educativos devem permitir o desenvolvimento da inteligência emocional.
Nesta sexta-feira 5 haverá conferências com Elisa
Gonsalves e com Juan Carlos Perez, da Espanha.
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