Recentemente o jornalista Wandecy Medeiros trouxe em seu blog blogdopenetra.blogspot.com matéria abordando o desespero e revolta do radialista Paulinho Cabeça Fria, que enfrenta árdua luta para tirar seu filho das drogas. Paulinho reclama que as instituições não contribuem para isso e promete fazer um protesto, permanecendo nu em praça pública. As drogas se tornaram um problema de saúde pública vivido por milhares e milhares de famílias brasileiras, que acabam adoecendo por serem parte da mesma célula em que está inserido o usuário. O protesto está marcado para acontecer na manhã desta terça-feira 23 ao lado da Telemar, centro de Patos-PB.
Convidamos a psicóloga e colunista do pbnoticias.com e garimpandopalavras, Iara Machado, para analisar tal situação que envolve profundo conflito que deixa muitas marcas. Ela explica que a energia do "protesto" de qualquer ordem reflete o grau de insatisfação do indivíduo em relação a uma situação extrema de desconforto, desespero ou violação de entendimento do direito do cidadão.
Sobre a dependência química do jovem em questão e a batalha de seu pai Paulinho Cabeça Fria, que argumenta que seu filho só teria cura se ficasse em tratamento intensivo por longo período em clínicas de reabilitação mantidas pelo Estado, Iara diz que a questão da dependência química é muito ampla e de aspectos bastante delicados, uma vez que a pessoa que se torna um usuário abusivo de qualquer substância psicoativa fica inserido em diversas camadas de ação, desde a percepção do EU (geralmente distorcida), do OUTRO (família e sociedade), do ORGANISMO (fisiologia), do PSICOLÓGICO (autoafirmação, autoestima, autonomia comprometida) e ESPIRITUAL (fé, bom ânimo, confiança no futuro).
Ela acrescenta:
“A Logo, reconheço que não deve ser vista a "recuperação" de um dependente químico como algo exclusivamente institucional, ou seja, uma clínica ou centro ter o peso de estabilizar alguém para sempre. E sim validar a responsabilidade de toda uma teia social sobre o problema, desde a família até as ações governamentais constituídas. E para se chegar até isso, haja trabalho...pois infelizmente, aos meus olhos, ainda não se sabe como juntar todos esses fios de modo verdadeiramente eficiente...”.
Iara diz perceber a impotência de Paulinho, que certamente sofre intensamente em assistir a autodestruição de seu filho. Porém enfatiza que o campo de atuação deveria ser: usuário, família, instituição com multidisciplinaridade funcional (Medicina, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Religiosidade e Espiritualização, etc), ações governamentais com políticas públicas específicas. A psicóloga lembra que vários profissionais, instituições, Ongs têm procurado caminhos e experimentado ações para que seja possível esse conjunto adquirir bons resultados, mas ainda não há consistência significativa de resultados.
Ela finaliza deixando uma mensagem para Paulinho:
“Ficar nu em praça pública só deixará mais claro para todos e todas que o assistirem o quanto é imensa sua dor, e eu, como mãe respeito qualquer manifestação de um pai a respeito de seus filhos, porém, lamento informá-lo que essa atitude não solucionará o problema atroz que seu filho carrega no corpo, na mente e na alma. E desejo do fundo do meu coração, que o senhor possa ser reconfortado por outros caminhos, e como idealista que sou, vibro para que um dia a "praga social" das drogas em geral lícitas e ilícitas seja infinitamente minimizada para que os lares tenham mais paz. Um abraço no seu coração que deve está cansado de tanta angústia Senhor Paulinho.
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