Marcos Eugênio
O velho matadouro público de Patos, com mais de 50 anos de existência, está sendo alvo de discussões pela Câmara Municipal, devido um projeto de autoria do Executivo, que quer oferecê-lo para exploração comercial ao setor privado por um período de 20 anos, podendo haver renovação por período igual.
No centro das discussões estão cerca de 100 famílias que dependem do matadouro para garantir seu sustento, os magarefes. Hoje uma comitiva de cinco vereadores foi ao matadouro rever suas instalações e conversar com os magarefes, que temem pela chegada de uma empresa privada, e sejam obrigados a deixarem o matadouro.
O presidente da Casa Juvenal Lúcio de Sousa, Marcos Eduardo, disse ser contrário ao projeto do Executivo e que pedirá a seus colegas a também dizer não. Lembrou que sua mãe foi magarefe e sabe da necessidade que essas famílias têm para se manterem. Para ele o assunto deverá ter maior discussão na Câmara.
José Mota Victor disse que, apesar do esforço da administração municipal fazendo algumas melhorias, o matadouro de Patos não tem estrutura para funcionar e pediu que em vez de concedê-lo para a iniciativa privada, o prefeito designasse um técnico especialista para que seja elaborado um projeto, que fosse acompanhado por uma comissão, inclusive com representante da Câmara, da população, para até o final do ano termos algo concreto para resolver os problemas do Matadouro.
Criticou também a falta de transparência nas contas do matadouro, quanto se arrecada, como é feita a arrecadação, quantos animais são abatidos por mês, algo que deixa margem para dúvidas. Frisou também o desperdício de sangue bovino que, pelas contas rápidas que ele fez, cerca de vinte mil litros são jogados fora, quando deveriam ter retorno em dinheiro para o próprio matadouro.
O líder do governo na Câmara, Almir Mineral, que tentou convencer a alguns magarefes da importância da exploração do matadouro pela iniciativa privada, alegou que não como o município administrar o abatedouro e disse que a empresa que vier a explorá-lo contribuirá ainda mais para que os magarefes venham a lucrar mais pelo seu serviço. “Existe o temor dessas pessoas, que ganham pelo que produzem. Acredito que a iniciativa privada vai aumentar o ritmo de abate e os magarefes vão lucrar muito mais com isso”, enfatizou, porém não conseguiu convencer aos magarefes de que não seriam dispensados.
Uma das líderes da comunidade do Matadouro, Maria Betânea, explicou que desde que surgiu essa conversa de privatização do matadouro que várias pessoas perderam o sono, preocupadas com as consequências. Ela também disse que não acredita que uma empresa a se instalar no Matadouro venha a absorver toda a mão de obra que ali trabalha. “Temos 80% das famílias que residem na comunidade do matadouro sobrevivem única e exclusivamente disso aqui. É um número expressivo e ninguém sabe o que pode acontecer com eles”, explicou.
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