Compromisso com a verdade dos fatos

Bem-vindo ao blog Garimpando Palavras

domingo, 4 de janeiro de 2009

Mestrando da FIP estuda sítios arqueológicos em Condado

Condado: Vestígios de uma
civilização antiqüíssima

Almair de Albuquerque Fernandes[1]

A arte rupestre é considerada o único vestígio deixado de forma consciente e voluntariamente pelos homens pré-históricos. Ela representa os mais expressivos registros do comportamento humano sobre as relações com o meio natural. No Brasil, especialmente na Paraíba, apesar da grande quantidade de material de arte rupestre localizado, o estudo sobre o assunto ainda é restrito.
Ela consiste em representações gráficas elaboradas em suportes rochosos, presente em diversos ambientes freqüentados pelas culturas pré-cabralinas. Na literatura sobre arqueologia brasileira o termo arte rupestre engloba tanto as pinturas como as gravuras. As gravuras consistem em representações elaboradas através do picoteamento ou incisão no suporte rochoso.
A arqueóloga paraibana Ruth Trindade de Almeida, em seu livro ‘A arte rupestre nos cariris velhos’, abordando as técnicas utilizadas pelos ‘artistas’ primitivos, afirma que a gravura rupestre consiste na execução de desenhos por meio de sulcos na pedra bruta. No entanto, é importante que se registre que além da pintura e da gravura, também existe na arte rupestre a técnica do baixo-relevo.
Registros no século XVII
Quando o homem civilizado foi adentrando o interior do território brasileiro, foi encontrando os primeiros registros rupestres. Este fato chamou-lhe a atenção. E, mesmo perguntando aos indígenas da época, não encontrou respostas para suas observações e, de certa forma, influenciado pelas narrativas nativas, passou também a relacionar esses registros ao misticismo.
No século XVII, o padre Francisco Teles de Menezes registrou 274 sítios arqueológicos com gravações e pinturas no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Pernambuco, interpretando-os como mapas de tesouros.
Por outro lado, vários escritores antigos citaram as gravuras e pinturas existentes ao longo do territó­rio brasileiro como sendo tes­temunho de passadas civilizações, deixando claro que aqueles registros rupestres não foram produzidos pelos indígenas encontrados pelo elemento luso descobridor, no século XVI.
Nessa mesma linha de pensamento, a professora Ruth Trindade de Almeida afirma que “as gravuras e pinturas brasileiras e, em particular, as pa­raibanas, foram executadas pelos antigos habitantes da região - os indígenas - o que não quer dizer que tenham sido executados, obrigatoriamente, pela população que os portugueses encontraram no Brasil no século XVI. Podem ter sido obra de grupos indígenas extintos ou que não mais habitavam o local à época do descobrimento”.
Através das gravuras e das pinturas, os primitivos habitantes do Nordeste brasileiro deixaram as marcas de sua presença, como meio de mostrar os vestígios de seu cotidiano. Esses vestígios constituem “parte do sistema de comunicação do qual se preservavam apenas as expressões gráficas que resistiram ao tempo”.
Órgãos sexuais

As pinturas e gravuras rupestres encontradas no Brasil estão situadas em locais comodamente atingíveis ou em lugares alcantilados de acesso difícil. Em alguns desses sítios arqueológicos são vistas figurações primitivas e em outros, desenhos artísticos elaborados em grandes painéis no interior de grutas ou a céu aberto.
Nesses painéis, é comum encontrar figuras de variadas formas geométricas planas, ora evocando seres humanos (antropomorfos) ou partes do corpo; mãos e órgãos sexuais masculinos (símbolos fálicos), ora plantas (fitomorfos) e animais (zoomorfos).
Quem foram nossos antigos ‘artistas’?
No Brasil, a idéia de serem as inscrições rupestres encontradas no interior como o registro de navegadores oriundos de outras partes do globo, foi, inicialmente, levantada por Ladislau Netto, dire­tor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, ainda no início da segunda metade do século XIX.
Aquele pesquisador brasileiro afirmou que os símbolos dos ‘letreiros’ representavam vestígios deixados pelos fenícios, que aqui estiveram em épocas remotas. Inclusive, classificou como fenícia uma inscrição localizada na ‘Pedra da Gávea’, no Rio de Janeiro, apresentando uma tradução que relata o insucesso de uma viagem ao Brasil, promovida a mando do faraó Necao, do Egito.
Pesquisador austríaco na Paraíba

Apoiado nas suposições de Ladislau Netto, o pesquisador austríaco Ludwig Schwennhagen, que esteve na Paraíba, em 1926, onde realizou pesquisas para esclarecimento das ins­crições rupestres aqui existentes. Schwennhagen é autor de uma polêmica ‘História antiga do Brasil’, onde “apresenta uma tradução do li­vro do historiador grego Tio­doro da Sicília, o divulgador dos périplos fenícios, afirmando que foram os fenícios os primeiros habitantes do Velho Mundo a descobrirem a América”.
Para os adeptos dessa corrente, os hebreus em épocas remotas, visitaram o Brasil e daqui levaram a madeira e o ouro necessários para a construção do Templo de Salomão. Para aquele autor, seria o Brasil o misterioso país de Ofir, descrito na Bíblia, no Livro dos Reis. Alguns pesquisadores, apóiam suas suposições nas semelhanças lingüísticas que existentes entre o idioma hebreu e alguns dialetos falados por tribos indígenas do interior do Amazonas, afirmando também que o vocábulo ‘Solimões’, que designa para do rio Amazonas, é uma corruptela da palavra ‘Salomão’, o grande rei dos hebreus.
Por outro lado, os ‘alienigenistas’ chegam a afirmar que os registros rupestres em pictografia, representam registros astronômicos, executados por seres extraterrestres. Na concepção desse último autor, a Pedra do Ingá, famoso monumento arqueológico encontrado no Estado da Paraíba, são registros astronômicos, produzidos por seres extraterrestres.
Quanto aos autoctonistas, estes se dividem em duas correntes: a primeira (já desautorizada) pregava ser a arte rupestre passatempo dos aborígines. A segunda, acredita “ter florescido no Brasil uma antiqüíssima civilização aborígine que declinara após ter atingindo elevado estágio cultural e material”.

A população interiorana do Nordeste brasileiro refere-se às inscrições rupestres co­mo sendo ‘letras dos holandeses’. No entanto, deve registrar que existem sítios arqueológicos com inscrições e pinturas rupestres em locais nunca atingidos pelos holandeses, no Brasil. E, que datam de 1598, as primei­ras informações sobre a exis­tência de inscrições e pinturas rupestres em solo brasileiro, portanto, muito an­tes da penetração dos flamengos no Nordeste.

A arte rupestre na Paraíba

O Estado da Paraíba, localizado na porção leste do Nordeste brasileiro, é pródigo em sítios de arte rupestre, predominando os de pinturas. Estas são encontradas, em sua maioria, nas paredes rochosas de canyons - localmente chamados de boqueirões, e em paredes e tetos de abrigos ou cavernas.
Estima-se que existam mais de 500 sítios com arte rupestre na Paraíba. A maioria desses sítios arqueológicos apresenta registros rupestres (gravuras e pinturas) estampados em paredões rochosos, distribuídos nos leitos dos rios, vales e serras. Nesses locais, é comum encontrar representações zoomorfas antropomorfas, geométricas, astronômicas e fitomorfas.
Destes sítios arqueológicos, apenas a Pedra do Ingá, localizada no município de igual nome, foi tombada pelo DPHAN (o atual IPHAN), por iniciativa de Pereira Júnior, em 1944, o qual realizou um estudo ‘in loco’ daquelas inscrições rupestres.
O conhecimento sobre a existência de registros rupestres no interior da Paraíba é algo que remota ao final século XVI, conforme já foi citado. Além de Ambrósio Fernandes Brandão (Diálogos das Grandezas do Brasil, 1618), Elias Herckmans (Descrição geral da Capitania da Paraíba, 1639), também fez referência a um sítio arqueológico por ele encontrado, quando de uma entrada ao interior da Capitania com o objetivo de avaliar os recursos naturais da região de Cupaoba.
Na opinião do professor José Ozildo dos Santos, as inscrições e pinturas rupestres existentes no interior do Estado da Paraíba “expressam, sem dúvidas, sentimentos, idéias de um povo que ali habitou. É uma página da nossa pré-história, que como outras inscrições brasileiras, se decifradas, poderão nos oferecer noções exatas sobre a origem ainda desconhecida do homem americano”.
Quanto o elemento colonizador adentrou os sertões paraibanos ele foi encontrando vestígios rupestres. Às vezes, quando do requerimento de uma sesmaria, os colonizadores faziam referências a esses vestígios. Assim fizeram o padre Valetim Gonçalves de Medeiros e Manoel Timóteo da Vera Cruz, que em 21 de janeiro de 1759, requereram uma gleba de terra no Seridó paraibano, alegando que a mesma ficava na data da ‘Pedra Lavrada’, numa referência expressa às pinturas rupestres que existem nas proximidades da sede daquele município paraibano.
Em diversos municípios paraibanos onde existem vestígios da arte rupestre freqüentemente os habitantes locais associam tais registros à localidade onde os mesmos são encontrados. Assim, no interior da Paraíba é comum o uso de topônimos como ‘Pedra do Letreiro’, ‘Lajes Pintadas’, ‘Pedra Lavrada’, ‘Pedra do Caboclo’, ‘Pedra Furada’, ‘Lajedo Pintado’, etc.
Referência em Irineu Joffily
Em 1893, lrineu Jofilly em seu valioso livro ‘Notas Sobre a Paraíba’, abriu um parêntese para tratar das inscrições e pinturas rupestres, existentes no território paraibano, afirmando: “Julgamos merecer a mais séria atenção de todos os homens estudiosos, o assunto de que passamos a nos ocupar, referimo-nos aos letreiros ou inscrições que encontram em grande número de rochedos em toda a Borborema, ou antes, em toda a Paraíba”.
Para fundamentar seu relato, aquele ilustre historiador paraibano utilizou-se das anotações de um relatório escrito pelo engenheiro Francisco Soares Retumba que, em 1886, visitou a povoação de Pedra Lavrada, no Seridó paraibano.
Embora alguns estudiosos - ditos ‘alienigenistas’ - tentem relacionar os registros rupestres existentes no interior do nordeste brasileiro aos fenícios, “até aqui, os achados arqueológicos não revelaram vestígios da passagem de fenícios pelo Brasil. E se quisesse sustentar a tese de fenícios como povoadores do continente americano, as dificuldades seriam maiores uma vez que o período áureo da história daquele povo situa-se no tempo compreendido entre os séculos X e VII a.C. e em datas muitíssimo anteriores, já foi registrada a presença do Homem em nosso continente”.

Na Paraíba, inúmeros sítios arqueológicos estão sob ameaça de depredação constante, ligadas ao garimpo/mineração de rochas ornamentais, atividade econômica forte em alguns municípios, a exemplo de Pedra Lavrada, Junco do Seridó e Picuí (possuidores de sítios arqueológicos com arte rupestre), e a visitação turística, problema reforçado pela ausência de trabalhos que mostrem à população local a importância dos sítios existentes.
Dos diversos fatores de degradação que podem incidir sobre os painéis de pinturas e inscrições rupestres, a ação humana se destaca como forte agente de destruição. Por outro lado, deve-se registrar que o trabalho de conscientização junto às populações interioranas é algo fundamental para a preservação dos sítios arqueológicos.
Na Paraíba esse trabalho vem sendo desenvolvido por uma organização não-governamental, denominada de Programa de Conscientização Arqueológica (PROCA), que, desde 1995 vem contribuindo com as instituições oficiais a manter o patrimônio arqueológico preservado. Essa organização interage através da conscientização, desenvolve cursos, palestras, seminários, bem como o levantamento de sítios arqueológicos em todo território paraibano.

Condado: Vestígios de uma civilização antiqüíssima

O território que atualmente constitui o município de Condado foi desmembrado do município de Pombal, considerado rico em registros rupestres. Os mais antigos registros sobre a arte rupestre no município de Pombal, datam do século XVIII, logo quando iniciou o processo de colonização do sertão paraibano.
Em Condado, até o presente foi um sítio arqueológico, localizado na comunidade Algodão, de propriedade dos herdeiros de Antônio Machados de Oliveira, distante 12 quilometros da sede do referido município.
Nesse sítio, identificam-se desenhos geométricos integrantes de uma tradição cosmológica que parece ser a mais antiga das três existentes na América, associados ou não a representações pictóricas da fauna e flora pleistocênica e que algumas dessas pinturas podem ter idades em torno de 18mil e 30mil anos.
No passado remoto, o vale do Piranhas tinha muita água e uma vegetação que parecia com a de uma floresta tropical, habitado gigantescos dinossauros. Em 1920, no município paraibano de Sousa, apresentaram ao cientista Luciano Jacques de Moraes uma trilha de pegadas petrificadas, que foram identificadas por aquele pesquisador como sendo de dinossauros.
As inscrições rupestres de Condado são envoltas em um misto de mistério e fascinação. Apesar da importância do sítio, nunca foi publicado nenhum estudo sistemático. Contudo, existem algumas referências sobre algumas publicações voltadas para a história do sertão paraibano, nas quais esses registros arqueológicos aparecem como simples ‘curiosidades’. No entanto, “a simetria e a combinação desses sinais não podem ser lançados ao acaso; elas exprimem com certeza pensamentos humanos; são monumentos escritos de uma raça que ali habitou”.
No Sítio Algodão, vândalos deixaram suas marcas, com incisões alfanuméricas, comprometendo a integridade dos registros rupestres. Desta forma, urge que sejam tomadas providências visando à preservação daquele sítio. Pois, a perda daqueles registros rupestres implicaria em lacunas em relação ao estudo da pré-história local, prejudicando, de certa forma, a construção da história do Sertão paraibano.

Um resgate necessário

Até o presente momento, nenhum trabalho científico foi desenvolvido em Condado, visando a valorização do referido sítio arqueológico, que, exposto totalmente às intempéries e às de vândalos, vem sendo destruído ao longo dos anos.
O referido sítio arqueológico está localizado na margem esquerda do riacho Cipó, sobre um grande bloco de pedras, medindo em forma diagonal 200m de comprimento por 75m de largura, apresentando, em seu ponto máximo, uma altura de aproximadamente 20 m.
A vegetação e o relevo do local onde se localiza o sítio se mostram característicos do sertão paraibano. As gravuras foram feitas sobre blocos de rochas que, muitas vezes, se encontram bastante desgastados pelo intemperismo que é comum na região. O local onde se encontram os painéis é de fácil acesso.
O sítio arqueológico de Condado apresenta-se com gravuras em motivos geométricos lineares e circulares, com interferência atual nas gravações (ação antrópica), e com as gravuras que se limitam à região do córtex da rocha. Há vários locais em que o sol e a chuva agiram diretamente sobre a rocha, pois eles se encontram a céu aberto, fazendo com que as camadas superficiais destas rochas estejam prejudicadas, favorecendo a ação da erosão nas gravuras, aumentando o seu desgaste.
As gravações foram executadas sobre um lajedo granítico coberto por um tipo de fungo que, em alguns pontos, dá umas colorações douradas, distribuídas horizontalmente.
Até o presente momento, em nossa pesquisa de campo, conseguimos levantar 99 gravuras trabalhadas em rocha dura, distribuídas em duas amplas formações rochosas, que, ao norte, apresentam uma concentração de círculos concêntricos e meandros complexos, inexistindo qualquer representação zoomórfica. Existem algumas representações que possivelmente caracterizem pegadas de aves, peixes e a representação aproximada de escorpião.
A Leste nota-se a presença predominante de círculos concêntricos, produzindo a partir de sulcos profundos e delineados. As técnicas utilizadas para a execução das gravuras foram o picoteamento e polimento; o tamanho das gravuras varia entre 10 a 60 cm. No entanto, observou-se que o aspecto original das inscrições em alguns pontos foi alterado pela ação do homem moderno, que se utilizando de dinamite, conseguiu descaracterizar parcialmente parte dos vestígios arqueológicos do Sítio Algodões.
Em termos de extensão, no que diz respeito a concentração de gravuras por metro quadrado, o Sítio Arqueológico Algodões é possivelmente o maior do Estado da Paraíba. Na localidade é possível identificar mais 250 pontos que assinalam a ação do homem pré-histórico e que, mesmo decorridos milhares de anos, ainda guardam vestígios.
Acesso fácil ao Sítio
No Sítio Algodões as gravuras foram picoteadas. Existe uma grande quantidade de círculos radiados, aliados a um grande conjunto vertical de círculos interligados. No todo, a conservação do referido sítio arqueológico é regular, sendo que muitas gravuras já foram danificadas pelo intemperismo por ficar totalmente expostas ao sol e à chuva, apresentando, em alguns pontos, elevado processo de descamação.
A base do sítio é formada pelo afloramento arenítico e blocos soltos, um dos quais apresenta gravuras. No período de chuvas, a água deposita sedimento arenoso entre os blocos, formando uma pequena represa. Nesse pequeno reservatório, foi realizada uma limpeza, retirando-se uma camada de sedimento arenoso que é frequentemente depositada pelas chuvas. No entanto, não se encontrando nenhum material arqueológico nesse espaço.
O acesso às gravuras rupestres de Condado é fácil. Da sede do município ao referido sítio arqueológico é necessário vencer uma distância de 12 quilometros, em estradas de barro.
Para uma efetiva proteção do entorno e visibilidade do Sítio Arqueológico Algodões, existe a necessidade de uma demarcação de uma zona de preservação rigorosa, com características que deverão ser anexada na legislação municipal vigente. Tal particularidade justifica-se pelo fato de vândalos já terem destruído parte do referido sítio, inclusive, utilizando dinamite, sob a alegação de que estão procurando minério, em detrimento ao valor cientifico do acervo arqueológico local.
[1] Professor e aluno do Curso de Mestrado em Ciências da Educação (FIP/ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias).

5 comentários:

Anônimo disse...

Até o presente momento eu como cidadã do municipio de Condado não tinha conhecimento de tamanha descoberta. fico feliz por saber que em meu municipio tenha um sitio arqueologico mas é preciso que haja a divulgação do mesmo e incentivo ao estudo da parte dos governantes.
parabéns Dr. Almair de Albuquerque pelo seu trabalho.

Claudia Araujo cidadã do municipio de Condado.

Anônimo disse...

escutei muito falar sobre esse sinais, mas ainda não os visitei.
estranhava por que até então eram desconsiderados ou desconhecidos pelos arqueólogos.

Anônimo disse...

Resume ae

Anônimo disse...

vai logo

Anônimo disse...

Agora

Arquivo do blog