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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Folha destaca patrimônio "inflado" de José Maranhão


Nome preferido de Renan Calheiros (PMDB-AL) para sucedê-lo na Presidência do Senado, José Maranhão (PMDB-PB) tem muitos pontos em comum com seu colega de partido. Teve uma expressiva evolução patrimonial nos últimos oito anos, é suspeito de ter uma rádio em nome de terceiros e declarou um rebanho de 28.290 cabeças de gado.
No último dia 24, a Andar (uma associação em defesa do patrimônio público aberta formalmente na semana passada) enviou carta ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), na qual acusa Maranhão de enriquecimento ilícito. O documento, que propõe representação contra o senador paraibano por quebra de decoro, foi protocolado no Conselho de Ética.
O regimento da Casa permite que pedidos de investigação sejam protocolados diretamente no conselho e que caberá ao presidente do órgão, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), decidir se acata a representação.
Em 1998, Maranhão enviou à Justiça Eleitoral a relação de bens informada à Receita Federal, com patrimônio total de R$ 2,156 milhões. Na relação não havia informações sobre bois. Na eleição seguinte, em 2002, ele repetiu o procedimento, enviando à Justiça Eleitoral a relação de bens de seu IR pessoa física, com salto no patrimônio para R$ 6,421 milhões --outra vez, sem incluir gado.
No ano passado, em vez de enviar a declaração do IR, Maranhão encaminhou à Justiça Eleitoral uma relação de bens sem registro no fisco, com patrimônio de R$ 7,475 milhões, mais 28.290 bois, aos quais o senador atribuiu valor zero.
Numa conta conservadora, com o boi ao preço médio de R$ 610 por cabeça (com base em tabela do Portal de Negócios Pecuário DBO), o patrimônio de Maranhão teria um acréscimo de R$ 17,256 milhões, subindo para cerca de R$ 24,731 milhões. Segundo a Andar, levando-se em conta o preço de R$ 986 por cabeça de gado, os bens do senador subiriam para R$ 35,369 milhões.
Maranhão afirmou que ele sempre declarou à Receita seu rebanho de gado, mas não na relação de bens, e sim num anexo de produtor rural. O senador tem pendências com o fisco, conforme consulta pública ao site da Receita.
A Andar lembra que Maranhão foi eleito vice-governador da Paraíba de 1995 a 1998, tendo assumido o governo um ano após as eleições, com a morte do governador Antonio Mariz. Em 1998, foi reeleito governador e, em 2002, venceu a disputa para o Senado.
O presidente da Andar, João Batista Alves Júnior, disse que a associação funciona há seis meses, mas reconheceu que só foi registrada na semana passada, justamente quando o documento com as acusações contra Maranhão foi para o Senado.
Em 1989, o senador paraibano emprestou o equivalente a R$ 114 mil à Rádio Serrana, no município de Araruna, sua cidade natal. Até hoje ele não recebeu o dinheiro de volta. Em sua declaração do IR de 2006 ainda constava o contrato de mútuo do empréstimo como pendente. A rádio está no nome de sua irmã, Wilma Maranhão.
Adversários locais do senador, que pediram para não ser identificados, afirmam que a rádio pertence a ele.
"Todo mundo sabe que a rádio pertence a José Maranhão. Se você chegar na cidade [Araruna], não só na cidade, na região, e perguntar de quem é a emissora, todo mundo vai dizer que é de José Maranhão", disse à Folha o presidente do PTB em Araruna, Vital Costa, adversário político de Maranhão.


Fonte: folhaonline

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