Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
tentará interferir mais no governo Dilma Rousseff e, em conversas
recentes, disse pela primeira vez a aliados que será candidato ao
Planalto em 2018.
Diversos interlocutores consultados pela Folha confirmaram ter
ouvido o recado do petista. Alguns, inclusive, afirmam que a
manifestação foi feita no domingo (26), depois de as urnas terem
confirmado a vitória de Dilma.
Internamente, o PT já trata a candidatura de Lula como algo
oficial. O petista terá 73 anos em 2018, e aliados ponderam que uma
série de variáveis pode fazer com que mude de opinião mais à frente.
O próprio ex-presidente já disse a aliados que não sabe como estará
sua saúde daqui a quatro anos. Após deixar a Presidência, em 2011, ele
se curou de um câncer na garganta.
Por meio de sua assessoria, Lula soltou uma nota em que diz: "No
último domingo, dia da eleição, quando perguntado sobre 2018, declarei
que, completando 69 anos, minha única expectativa para daqui a quatro
anos é estar vivo."
De olho na sucessão futura, aliados afirmam que o ex-presidente
precisará atuar de forma mais efetiva para evitar que a petista
reproduza erros cometidos no primeiro mandato. Entre eles, o
distanciamento dos movimentos sociais, o parco diálogo com empresários e
o excesso de centralização nas ações.
Nos primeiros quatro anos, o petista deu conselhos à presidente,
mas foi pouco ouvido. Agora, será preciso inverter essa lógica para
poder pavimentar sua candidatura. No cálculo interno, se Dilma fizer uma
administração impopular a partir de janeiro, sua pretensão pode ser
frustrada.
Dois exemplos de sugestões ignoradas por Dilma no passado:
substituição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para dar um choque
de confiança no mercado. E a remoção do secretário do Tesouro, Arno
Augustin, por sintetizar em sua opinião a imagem negativa da equipe
econômica na área fiscal.
No atual mandato, Lula quer ser mais ouvido quando em situações de crise e dificuldades com o Congresso.
Durante a campanha, a presidente afirmou que daria todo apoio ao
padrinho se ele quisesse voltar. No início do segundo turno,
interlocutores de ambos os lados notaram distanciamento entre eles. Lula
só entrou de cabeça na reta final da eleição.
Tudo indica, afirmam aliados, que a dinâmica da relação mudará
agora. Dilma, dizem assessores, sabe que o antecessor fará queixas
públicas se não for ouvido.
A disposição do ex-presidente de disputar 2018 conta com um estimulo nada irrelevante: o desejo da mulher, Marisa Letícia.
A articulação que pedia o retorno do ex-presidente para a disputa
de 2014 foi forte no primeiro semestre de 2013, mas acabou abafada no
encontro nacional do PT, em maio. Seus principais defensores eram
empresários descontentes com o estilo de Dilma e petistas que perderam
espaço na atual gestão.
O PT também fará mais pressões. Quer ser mais ouvido na definição
dos novos nomes do governo, principalmente na do novo ministro da
Fazenda, e participar da definição de propostas como a reforma política.
Em entrevista nesta terça (28), Dilma disse que "o que o Lula quiser ser, eu apoiarei".
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O QUE O PT QUER
As bandeiras que o partido defenderá no novo mandato de Dilma
1 Ser mais ouvido na definição do novo mandato de Dilma Rousseff e, principalmente, na escolha do novo ministro da Fazenda
2 Decidir sobre pontos essenciais da reforma política –como o financiamento público de campanhas, uma das bandeiras do partido
3 Sigla defende que o governo amplie o diálogo com os movimentos sociais e o setor privado, dos quais teria se afastado
4 Convencer seu maior aliado, o PMDB, a aceitar o revezamento nos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado
5 Uma regulação econômica e de conteúdo da mídia. Dilma já
sinalizou que é favorável à primeira medida, sem dar detalhes, mas se
opõe à proposta de regulação de conteúdo
Folha Online
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