Instituída
há dois anos, a política nacional de saúde do trabalhador ainda é algo
desconhecido da maioria dos municípios brasileiros e que precisa ser
implementada. Para isso muitas discussões estão acontecendo através das
conferências. A cidade de Patos está recebendo hoje e amanhã (sábado 31) a 4ª
Conferência Estadual de Saúde do trabalhador e da Trabalhadora, com a
participação dos municípios que compõem a macrorregião (Patos, Piancó e
Princesa Isabel), Ministério do Trabalho, Cerest Estadual, Municipal, conselhos
de saúde, Giaasp, representando usuários, dentre outras representatividades da
sociedade.
Uma
ampla discussão está acontecendo durante o evento no Centro de treinamento da
Igreja Santo Antônio. Na abertura o gerente da 6ª regional de saúde, José Leudo
Farias, destacou a presença no encontro de pessoas que realmente possuem o
perfil necessário para contribuir no fortalecimento da implementação da
política de saúde que ora o Brasil está debruçado em amplos debates para trazer
benefícios concretos aos trabalhadores.
Essa
política instituída em agosto de 2012 através da portaria do Ministério da
Saúde, busca justamente definir toda uma base de diretrizes, estratégias de
forma tripartite, por município, estado e governo federal, integralizando ações
que cuidem, que promovam a saúde do trabalhador, reduzindo acidentes, mortes
ocorridos nos processos produtivos.
Porém
muitos municípios ainda não conhecem o teor da Portaria, não atingiram um nível
de discussão nessa direção e as conferências, que reúnem representantes de
vários segmentos, especialmente do usuário do SUS, sistema que universaliza
atenção a todos os trabalhadores e que tem o papel de promover essa qualidade
de vida almejada na Política Nacional.
A
falta de notificação na rede hospitalar de casos envolvendo trabalhadores
vitimados em seu ambiente de trabalho, até mesmo quando vão ou voltam deles,
dificultam no processo de identificação, da real situação no ambiente
produtivo, que ações podem ser realizadas para que não ocorram determinados
acidentes, mortes que são em número altíssimo no Brasil, uma a cada 3 minutos,
segundo apontou Celeida Barros, diretora estadual do Cerest – Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador.
“A
notificação compulsória é obrigatória a qualquer trabalhador de saúde. Aquele
que não a fizer pode ser considerado negligente. A Secretaria de Estado da Saúde
recomenda que todas as unidades de saúde tenham esse olhar para o trabalhador e
comecem a notificar, pois precisamos avançar na Paraíba com essa política de
saúde do trabalhador, da trabalhadora”, explicou.
Este
ano o Governo do Estado oferecerá capacitação a toda rede de saúde, seja para
nível superior, para ACS, que entra diariamente nos domicílios e conhecem bem o
cotidiano, o processo produtivo informal das pessoas, às vigilâncias, para que
possam fazer inspeção dos ambientes de trabalho e fazer notificação do que for
preciso.
Todos os trabalhadores brasileiros, sejam
formais, informais, do campo, da cidade, estagiários, do lar estão inseridos
nessa política nacional de saúde do trabalhador. O presidente do Conselho
Municipal de Saúde e do Sindicato dos ACS e Agentes de Endemias, João Bosco
Valares, enfatizou que essas conferências, macrorregionais, estaduais e
nacionais representam um arcabouço de propostas que irão contribuir de forma
significativa para a saúde do trabalhador. “Precisamos fortalecer essa política
através do Cerest, verificando onde nosso trabalhador está adoecendo, mas nosso
grande gargalo é falta de notificação que não vendo sendo feita da rede de
saúde, o que dificulta ações preventivas”, opinou.
A coordenadora do Cerest de Patos,
Cláudia Miranda explicou que o Centro vem trabalhando com a prevenção e orienta
que todo trabalhador que sentir que seu ambiente de trabalho pode está causando
algum tipo de doença para procurar o setor para que seja notificação para que
ele receba suporte tanto na parte do adoecimento como no acompanhamento para
que seja acobertado como está previsto em lei.
A notificação de trabalhadores vítimas de
acidentes ou outros agravos de saúde em municípios da região é feita na própria
localidade através do Sinan – Sistema de Informações de Agravos de Notificação,
mas caso ela não ocorra na cidade de origem do paciente, o Cerest Patos pode fazer
isso. Ela se queixa do número baixo de notificação no Hospital Regional, que
recebe a grande demanda.
Disse que logo após a conferência irá se
reunir com a gerente regional de saúde para programar uma capacitação com os
profissionais de saúde para melhorar essa notificação. Informou que dos 49
municípios da macrorregião Patos somente doze estão fazendo notificações, e os
números não condizem com a realidade vivida pelo trabalhador.
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