Ontem ouvi todo o programa radiofônico Cotidiano, da rádio CBN, de João Pessoa, apresentado por Bruno Filho, editoria de Verônica Guerra e técnica de Cacá Barbosa com assistência de estúdio de Andréa Santana.
O mesmo constou de uma longa entrevista com o neurocientista espanhol Bernardino Calvo e a neuropsicóloga cajazeirense Morgana do Nascimento Andrade. O assunto: Memória humana. Entrevistados e entrevistadores realizaram um trabalho espetacular e o público teve participação magnífica.
Como o rádio, quando bem utilizado, serve de instrumento útil para a educação coletiva e conscientização popular, pensei!. Foram simples e belas as perguntas formuladas pelo público e cultas e encantadoras as respostas dos entrevistados que conseguiram juntar o cientificismo peculiar da academia com a sabedoria popular, permitindo a transmissão da mensagem através de uma linguagem objetiva e de fácil entendimento. Parabéns a todos pela grande aula sobre um tema de grande interesse para o povo.
História da neuropsicologia (wikipedia)
Como área de interface, sua história confunde-se com a história da psicologia e a da medicina. Já eram conhecidos desde a antiguidade que pessoas que sofriam traumatismos cranianos, muitas vezes, passavam a ter alterações em suas funções mentais, tais como a linguagem, o pensamento e a memória, chegando mesmo a provocar alterações profundas e duradouras no seu comportamento (alterações de personalidade). Há indícios mesmo de trepanação encontrados em crânios pré-históricos. Os papiros de Edwin Smith1 2 , que descrevem conhecimentos e procedimentos médicos do Antigo Egito (c. 3.000 a. C.), já referiam dificuldades de linguagem em pacientes com traumatismos cranianos e outras patologias do encéfalo, há 3.000 a. C.
Outros povos da idade antiga também possuíam conhecimento de que havia uma relação entre o corpo e o comportamento, embora houvesse divergência de qual órgão seria a sede da alma. Os hebreus, por exemplo, defendiam a hipótese cardíaca, de que a alma residiria no coração. Aristóteles, entre os gregos, era também partidário desta tese, e caberia ao cérebro a função de refrigerar o sangue. Entretanto, já havia os que postulavam que o cérebro seria a sede do pensamento.Alcmeão de Crotona, em 500 a. C., defendeu uma relação importante entre o cérebro e os processos mentais. Cláudio Galeno, médico de centuriões, ao estudar os ferimentos de batalha identificou que lesões no crânio eram capazes de provocar danos de comportamento, linguagem, memória e na inteligência. A Igreja Católica, na idade média, aceitava a tese de que o cérebro pudesse ser a sede da alma, e destinava aos ventrículos cerebrais a nobre função de abrigar o espírito.2
Estudos mais recentes, de Franz Gall e Paul Broca, no século XIX, associavam regiões do cérebro como responsáveis por determinadas funções mentais; havendo algum dano, haveria algum tipo de sintomatologia3 . Um caso histórico emblemático das relações entre lesão cerebral e a alteração das funções cognitivas foi o dePhineas P. Gage. Aos 25 anos de idade, era funcionário de construção de ferrovias da Rutland & Burlington. Um acidente com explosivos, que tinha tudo para tê-lo matado, lançou uma barra de ferro que atravessou seu crânio na região frontal, deixando-o cego do olho esquerdo, mas vivo. Sempre dedicado, bom trabalhador e capaz, Gage teve severas alterações de comportamento após este acidente. Tornou-se displicente, arruaceiro e briguento, passando a ter um comportamento totalmente diferente. A literatura sugere que ele passou a ter estas alterações duradouras em seu comportamento devido às lesões, que alteraram o funcionamento do seu cérebro4 . O caso de Gage é emblemático na neuropsicologia, pois mostra as relações entre lesão cerebral e as funções cognitivas e motoras. A mudança do comportamento de Gage é atribuído à extensa lesão no lobo frontal, uma das regiões que regulam o controle dos impulsos. Lesões nesta área podem levar a um comportamento egoísta e anti-social.
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