Enquanto o futuro
vai sendo traçado em reuniões fechadas da nova cúpula do Flamengo, o
passado abre passagem com o reforço imensurável de um craque. Zico está
de volta ao clube do qual foi praticamente enxotado pelo grupo de
Patricia Amorim. Embora não vá aceitar nenhum cargo
na nova gestão, o ídolo alivia-se por finalmente sentir-se à vontade
para voltar a frequentar as dependências do Flamengo, sua casa de tantos
e tantos anos.
— Agora, posso ir lá tranquilo
porque sei que não vou me deparar com pessoas que não quero ver. Isso é
muito simples: você não vai à casa de pessoas que duvidam da tua honra,
da tua honestidade. Agora, acabou. Coloco uma pedra em cima. Pra mim,
morreu. Mas, veja bem, em nenhum momento eu me afastei do Flamengo —
desabafou Zico, em entrevista ao Jogo Extra, por telefone.
O alívio pela vitória de seu grupo não amoleceu o coração. Uma gargalhada muito sonora foi a resposta de Zico à declaração de amor
que Patricia lhe fizera diante dos microfones, ao reconhecer a derrota
antes mesmo do fim da apuração dos votos, na segunda-feira — "eu também
amo o Zico", dissera a presidente, aos prantos.
— Hahaha. Sempre tive bom relacionamento com ela desde a
época em que era nadadora. Ela nunca escondeu essa admiração por mim, e é
possível que possa existir. Mas tive problema com um conselheiro
(Capitão Léo) que abriu inquérito contra mim, o que ela não poderia
permitir. Tive ofertas para participar de outras administrações, mas acabei dando minha cara para ajudar uma ex-atleta e me dei mal.
Zico elogia Dorival
Com forte influência sobre o novo comando do Flamengo, Zico não quis
antecipar se Zinho e Dorival permanecerão no clube no ano que vem. Mas
fez questão de elogiar o trabalho do técnico.
— Não estou autorizado a falar. Mas eu sei de tudo, tudo! — disse,
rindo mais uma vez. — Gosto do Dorival. Só não trouxe-o naquela época
(quando foi diretor-executivo, em 2010) porque ele estava empregado
(Santos). Mas era um dos nomes que eu queria — acrescentou.
Zico mantém aberta a porta para Dorival e Zinho. E, apesar da mágoa, não puxa o tapete de Patricia Amorim.
— Sou uma pessoa educado. Onde vou, procuro cumprimentar as pessoas.
Vou cumprimentá-la em quanquer lugar — afirmou o ídolo, que, elegante,
não considera a derrota de sua adversária uma vitória pessoal sua. —
Muita gente pode ter ficado descontente com a forma como eu saí, isso
pode ter pesado, mas o fiel da balança foi o futebol que, quando não
vence, reduz a chance de reeleição — encerrou Zico, com a sabedoria que
não pôde passar para Patricia.
Mas, agora, novos tempos virão. Com Zico de volta à velha casa.
Extra
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