O diretor técnico da Maternidade Dr. Peregrino
Filho, de Patos, médico Paulo Atayde, participou no mês passado do Congresso
Brasileiro de Medicina Intensiva, em Fortaleza-CE, momento em que apresentou
dois trabalhos científicos, registrados na Revista Brasileira de Terapia
Intensiva, pesquisas que discorrem sobre problemas do dia a dia da clientela da
Maternidade.
Um dos trabalhos trata de índices de
prognósticos da sepse (doença bacteriana) em UTI. Segundo os estudos, complicações
durante o nascimento do bebê, seja pela ruptura prematura das membranas, via
hemorragia ou mesmo por uma infecção na mãe, torna o recém-nascido exposto a um
maior risco de contrair a sepse (septcemia). “Através desse estudo a gente
consegue prevê antecipadamente, dar um diagnóstico da doença antes mesmo dos
resultados laboratoriais”, diz o diretor técnico da Maternidade.
Dr. Paulo Athayde |
Outra pesquisa científica desenvolvida por
Paulo Athayde, juntamente com o médico Paulo Sérgio Franca, o fisioterapeuta
Lavoisier Morais e alunos de Medicina da UFCG (Cajazeiras) tem como título:
Pacientes com Doença Hipertensiva Específica da Gravidez em uma Maternidade
Pública do Sertão Paraibano (pré-eclâmpsia).
Qualidade do pré-natal
O perfil da paciente da regional Patos com
pré-eclâmpsia é na sua maioria mulheres jovens. Outro dado citado pela pesquisa
é que 92% delas realizam pré-natal. Nas discussões no Congresso, com grandes
nomes da área, se questionou a qualidade do pré-natal, como esse processo de
acompanhamento da gestante vem ocorrendo nos municípios de origem destas,
atendidas pela Peregrino Filho. “A gente concluiu que a assistência à saúde de
pré-natal prestada às gestantes de nossa região precisa ser revista, sobretudo
com as adolescentes, melhorar os indicadores de saúde perinatal”, enfatizou
Athayde.
Explicou que a pré-eclâmpsia hoje é a maior
causa de mortalidade materna no Brasil, em médias duas mulheres chegam a óbito
por dia e de cada três em estado grave de eclampsia uma volta para casa sem seu
filho, sendo uma patologia que precisa de constante acompanhamento. A
Maternidade Peregrino Filho, preocupada com o alto índice de mulheres com esse
problema vai procurar as prefeituras e tentar oferecer um treinamento para os
médicos, enfermeiras para que tenham maior entendimento sobre o que é
pré-eclâmpsia.
Muitos médicos acreditam que o que provoca a
pré-eclâmpsia é a pressão alta, quando isso é apenas uma das causas. Estudos
mais atualizados mostram que o surgimento da pré-eclâmpsia não acontece a
partir da vigésima semana de gravidez, e sim no início da gravidez. “Por isso
precisamos trabalhar mais exaustivamente o tema com os colegas médicos, coma
enfermagem”, acrescentou.
Aborto
Uma das maiores preocupações da Peregrino Filho
tem sido com o elevado número de abortos provocados na região de Patos, com
destaque para esta cidade que apresenta os maiores índices proporcionais. O
diretor técnico diz que a maioria dos abortos naturais acontece decorrente de
má formação fetal, levando o organismo às vezes a rejeitá-lo. Mas o crescimento
do número de abortos provocados precisa, segundo Paulo Athayde, de um trabalho
de assistência social junto às gestantes, um trabalho de planejamento familiar
para evitar a gravidez indesejada. “Em conversa com Roberto Magliano - presidente
da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, ele já demonstrava sua preocupação
com o alto índice de abortos provocados, na maioria jovens, que acontecem na
cidade de Patos”, enfatizou Dr. Paulo.
Apesar de ser do município a responsabilidade
de oferecer a atenção básica, no caso específico aqui tratado, o pré-natal, a
Maternidade de Patos deverá, segundo seu diretor técnico, deve entrar com
serviço de pré-natal de alto risco, tendo em vista o grande déficit que há na
região. “É nossa meta é retornar o serviço ambulatorial na Maternidade de
Patos, como já houve, para cuidar melhor ainda das mulheres”, disse Dr. Paulo.
A Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos,
sofreu grandes alterações a partir do momento que passou a oferecer serviços de
alta complexidade, com a abertura das UTIs Neo e Materno. A demanda cresceu
bastante e por mês, só de partos, houve um acréscimo em média de 100 desse
procedimento. O perfil da clientela mudou. Se antes os casos graves eram
transferidos para outros centros, hoje a Maternidade é referência em alta
complexidade, possuindo doze leitos de UTI, número ainda insatisfatório,
segundo o diretor técnico, se levar em contar a demanda de 90 municípios que
tem Patos como referência.
Mortalidade: Índice europeu
Apesar do aumento da demanda de mulheres com
risco de morte, a UTI Materna da Peregrino Filho possui índices de mortalidade
(menos de 10%) semelhantes a da Alemanha, que possui os melhores índices
mundiais, segundo Paulo Athayde, acrescentando que a UTI Neonatal mantém
índices abaixo dos nacionais, que são de 25% a 30% de óbitos de pacientes que
enfrentam esse tratamento intensivo.
Abertura
A Maternidade vem ampliando abertura para
internato de alunos de Medicina da UFCG, que têm oportunidade de aprimorar seus
conhecimentos e contribuir nas pesquisas realizadas por esse hospital.
Mensalmente são avaliados pela SES – Secretaria de Estado da Saúde e pelo
Instituto Social Fibra, que administra a Peregrino Filho, todos os dados
referentes aos serviços realizados pela Maternidade, que se transformam em
relatórios, que são discutidos amplamente em reuniões na quais são construídas
metas, onde é preciso melhorar.
Um desses dados trabalhados exaustivamente foi
de exames de mamografia, para o qual havia necessidade de ampliação da demanda.
Quando o Governo do Estado colocou em funcionamento o mamógrafo, que estava
encaixotado fazia mais de cinco anos, sem atender sua função, de auxiliar na
prevenção do câncer de mama, a meta era atender 500 mulheres ao mês, porém os
números não passavam de 150.
No mês passado, após a busca ativa, divulgação,
incentivo aos municípios, com a gerência regional de saúde estreitando cada vez
mais os laços com as secretarias municipais de saúde, essa demanda aumentou em
quase 200%, e a tendência é que cresça a cada mês e o público feminino possa prevenir
esse mal que aparece como o que mais mata mulheres no Brasil, cerca de 12.750
só este ano e estimativas de mais 55 mil novos casos da doença em 2013.
Estudiosos acreditam que até final deste sejam diagnosticados 1,6 milhão de
novos casos no mundo.
Marcos Eugênio
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