Coletânea, que está saindo pela Geração
Editorial (SP), é concorrente nacional do best-seller “Cinquenta tons de cinza”
“50 versões de amor e prazer – 50
contos eróticos por 13 autoras brasileiras”, livro organizado pelo professor
de literatura da UFPB e escritor Rinaldo de Fernandes, é um concorrente
nacional, mas primando pelo grande valor das narrativas, pela grande qualidade
das autoras, do best-seller “Cinquenta tons de cinza”. O livro será
lançado em João Pessoa, no Sebo Cultural, próxima quarta-feira, dia 19, a
partir das 19h00. A escritora paraibana Marilia Arnaud é uma das integrantes da
coletânea.
“50 versões de amor e prazer”,
que está saindo pela Geração Editorial (SP) e chega às livrarias de todo o país
daqui a duas semanas. traz, segundo o organizador, uma série de contos
primorosos, de alta qualidade literária. As 13 escritoras que integram o livro
são todas importantes e premiadas no cenário da literatura brasileira atual.
São elas: Ana Miranda, Ana Paula Maia, Andréa
del Fuego, Ana Ferreira, Állex Leilla, Cecilia
Prada, Heloisa Seixas, Juliana Frank, Leila Guenther, Luisa Geisler, Márcia Denser,
Marilia Arnaud e Tércia Montenegro.
Hoje, segundo o longo ensaio de
Rinaldo de Fernandes que vem como posfácio do livro, em poucas obras literárias
há um bom tratamento do tema do erotismo. Esta “50 versões de amor e prazer”
vai de encontro a uma série de outras obras justamente por trazer peças de
grande qualidade. As 13 autoras reunidas na coletânea constituem um conjunto
primoroso de talentos.
E como é elaborado o erotismo na
obra? Ainda segundo o ensaio do organizador, “ora romântico, refinado,
implícito, ora obsceno, pervertido, bizarro – reflete de algum modo, e
criticamente, nos momentos mais crus, a cultura da pornografia, a indústria do
sexo e seus incontáveis produtos”.
“Hot dog”, de Állex Leilla, flagra uma mulher no
trânsito que de repente se depara com um “ex-amigo” – e aí lhe ocorrem imagens
intensas, de instantes que ela passou com o rapaz; a mulher revive ao volante
cenas de sexo bizarro. “Enquanto seu lobo não vem”, de Ana Ferreira, é
escrito em forma de carta, da mulher para o marido pedófilo.
“A sesta”, de Ana Miranda, é um
conto notável – ativa o apetite do leitor ao associar os campos semânticos do
sexo e do paladar. “Perversão”, de Ana Paula Maia, é a história de um homem
casado cujo prazer erótico está em seduzir outras mulheres e dispensá-las após
um jantar romântico, deixando-as arrasadas. “O amante de mamãe”, de Andréa del
Fuego, é demolidor – a mãe e o pai, as aparências preservadas, optam pela
traição; a filha almeja um amante como o da mãe.
Cecilia Prada, em “Insólita flor
do sexo”, de um erotismo requintado, relata as descobertas de uma menina de 13
anos num colégio de freiras (tem o desejo despertado por uma das freiras que
parece “um homem” e que a menina, retocando-lhe a figura, imagina ser seu
“namorado”).
“Romance de calçada”, de
Juliana Frank, é magistral – trata-se de uma pequena obra-prima da narrativa
sadomasoquista. “Pérolas absolutas”, de Heloisa Seixas, traz como protagonista uma
mulher que circula de carro na noite e se depara com um travesti – a narrativa
expõe os subterrâneos, as sombras por onde os seres, solitários e sequiosos,
deslizam na grande cidade. “Romã”, de Leila Guenther, é a história de Lia e sua
relação com um professor de psicologia. No conto um incesto é insinuado.
Luisa Geisler tem apenas 21 anos
e é uma das revelações da literatura brasileira. “Penugem”, com um
narrador-personagem astuto, aparentando não ser o que de fato é (um pedófilo,
“espectador” de sua própria filha), é um conto estupendo. As protagonistas de
Márcia Denser são irônicas, liberadas, permissivas – uma das melhores cenas de
sexo de nossa literatura é a do desfecho de “O animal dos motéis”.
Marilia Arnaud, a única paraibana
que integra a coletânea, é uma contista impiedosa – o premiado “Senhorita
Bruna” é sobre ciúme e vingança (traz uma frenética cena de masturbação).
“Curiosidade”, Tércia Montenegro, com a protagonista numa varanda, “nua e
indefesa”, induzida pelo parceiro, explora o tema do exibicionismo. “Um caso
familiar”, também de Tércia, é um conto imaginativo e impactante – Jéssica, a
amiga da narradora, pratica sexo (ménage)
com Rubem e a avó deste.
“50 versões de amor e prazer”,
certamente, é representativa da boa literatura feita por mulheres hoje no
Brasil.
Linaldo Guedes
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