Desperdício em Patos |
A longa estiagem que castiga o semi-árido
nordestino vem reduzindo drasticamente as reservas hídricas, deixando milhões
de pessoas desesperadas, tendo que ser socorridas por ações do governo federal,
com o uso do carro-pipa. A medida é paliativa e não chega de forma satisfatória
aos mais de 12 milhões atingidos pela seca, talvez a maior dos últimos 40 anos,
residentes em mais de 1.100 municípios.
Em abril deste ano a presidente Dilma
apresentou o plano de enfrentamento à seca, com recursos de mais de R$ 2 bi.
Bolsa estiagem, perfuração e recuperação de poços, carro-pipa, dentre outras
ações foram garantidas. Em 2012 houve perda de mais de 90% da safra de grãos na
Paraíba. Muitas das medidas anunciadas pelo governo federal esbarram na
terrível burocracia, frustrando a expectativa das famílias, especialmente as
que sobrevivem na zona rural.
Em Patos, município de pouco mais de 100 mil
habitantes, seus dois reservatórios estão agonizando, praticamente secos. O
velho Jatobá, com capacidade de 17,5 milhões de m3 acumula hoje
cerca de 8%. A Barragem da Farinha, de 25,7 milhões de m3 possui
apenas 12%. Apesar do desse quadro, o que se percebe é o desleixo de muita
gente, que continua lavando carros, calçadas com mangueiras, um desperdício que
faz bastante falta.
Foto:Marcos Eugênio |
A maioria dos reservatórios do Sertão paraibano
está com volume inferior a 20%, sem falar que os meses mais quentes do ano estão
para vir, novembro e dezembro. A evaporação é outro grande inimigo. O
causticante calor acelera a evaporação, diminuindo os níveis dos mananciais e a
expectativa é que muitos sequem até o final do ano.
Em Emas, cujo reservatório possui apenas 27% de
sua capacidade, a crise no abastecimento tirou a tranquilidade da população.
Muitos recebem o tão precioso líquido apenas uma vez por semana. O risco de
surto de diarréia em toda a região é grande e é preciso bastante cuidado com a
qualidade da água consumida para matar a sede.
No município de Água Branca a Igreja católica
levantou uma bandeira e, contando com o apoio da população, fez manifestações a
lata vazia, conclamando os governos para que desenvolvam ações imediatas de
socorro à população atingida pelo desabastecimento e economicamente pelos
efeitos em cascata pela seca.
Foto:Marcos Eugênio |
O prefeito de Santa Luzia, Ademir Morais,
explicou que na cidade a situação ainda é suportável devido a adutora
Coremas/Vale do Sabugi, mas na zona rural é desesperadora. O programa de
carro-pipa ainda não atende a demanda como deveria. O açude do município, que
no mês passado acumulava 23% de sua capacidade, hoje possui apenas 14%.
A convivência com a seca deu importante avanço
a partir do projeto 1 milhão de cisternas, iniciado no final dos anos 90 pela
ASA – Associação do Semi-árido, que conta com inúmeras entidades, a exemplo da
Cáritas Brasil.
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