Compromisso com a verdade dos fatos

Bem-vindo ao blog Garimpando Palavras

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Reservatórios sertanejos devem secar até o final do ano



Desperdício em Patos
A longa estiagem que castiga o semi-árido nordestino vem reduzindo drasticamente as reservas hídricas, deixando milhões de pessoas desesperadas, tendo que ser socorridas por ações do governo federal, com o uso do carro-pipa. A medida é paliativa e não chega de forma satisfatória aos mais de 12 milhões atingidos pela seca, talvez a maior dos últimos 40 anos, residentes em mais de 1.100 municípios. 

Em abril deste ano a presidente Dilma apresentou o plano de enfrentamento à seca, com recursos de mais de R$ 2 bi. Bolsa estiagem, perfuração e recuperação de poços, carro-pipa, dentre outras ações foram garantidas. Em 2012 houve perda de mais de 90% da safra de grãos na Paraíba. Muitas das medidas anunciadas pelo governo federal esbarram na terrível burocracia, frustrando a expectativa das famílias, especialmente as que sobrevivem na zona rural. 

Em Patos, município de pouco mais de 100 mil habitantes, seus dois reservatórios estão agonizando, praticamente secos. O velho Jatobá, com capacidade de 17,5 milhões de m3 acumula hoje cerca de 8%. A Barragem da Farinha, de 25,7 milhões de m3 possui apenas 12%. Apesar do desse quadro, o que se percebe é o desleixo de muita gente, que continua lavando carros, calçadas com mangueiras, um desperdício que faz bastante falta.

Foto:Marcos Eugênio
A maioria dos reservatórios do Sertão paraibano está com volume inferior a 20%, sem falar que os meses mais quentes do ano estão para vir, novembro e dezembro. A evaporação é outro grande inimigo. O causticante calor acelera a evaporação, diminuindo os níveis dos mananciais e a expectativa é que muitos sequem até o final do ano.

Em Emas, cujo reservatório possui apenas 27% de sua capacidade, a crise no abastecimento tirou a tranquilidade da população. Muitos recebem o tão precioso líquido apenas uma vez por semana. O risco de surto de diarréia em toda a região é grande e é preciso bastante cuidado com a qualidade da água consumida para matar a sede.  

No município de Água Branca a Igreja católica levantou uma bandeira e, contando com o apoio da população, fez manifestações a lata vazia, conclamando os governos para que desenvolvam ações imediatas de socorro à população atingida pelo desabastecimento e economicamente pelos efeitos em cascata pela seca.

Foto:Marcos Eugênio
O prefeito de Santa Luzia, Ademir Morais, explicou que na cidade a situação ainda é suportável devido a adutora Coremas/Vale do Sabugi, mas na zona rural é desesperadora. O programa de carro-pipa ainda não atende a demanda como deveria. O açude do município, que no mês passado acumulava 23% de sua capacidade, hoje possui apenas 14%.

A convivência com a seca deu importante avanço a partir do projeto 1 milhão de cisternas, iniciado no final dos anos 90 pela ASA – Associação do Semi-árido, que conta com inúmeras entidades, a exemplo da Cáritas Brasil.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog