Autoestima – uma leitura saudável

Foto:Jovem Pan

Lula sempre vivo: desejo do povo brasileiro    

Inácio A. Torres

 

Uma corrente de internautas insanos orquestrou uma campanha exigindo que Lula desse um falso exemplo de solidariedade. O tropel recomendou que o ex-presidente procurasse tratamento para um câncer de laringe, em um serviço de saúde do SUS, e não em um serviço especializado da rede privada.   

          

Fato semelhante acontecera com Lula quando precisou fazer uma cirurgia mais simples, no tempo em que era deputado federal. Esquecem essas pessoas que se trata de uma “concessão” justa oferecida aos estadistas e aos que ocupam cargos de confiança nos governo (federal, estadual e municipal).    

        

Assim sucedeu com Tancredo Neves, Dilson Funaro, Mário Covas, Itamar Franco, João Figueiredo, José Alencar e Dilma Rousseff, fora outros tantos políticos pelo Brasil afora. O que talvez essa turba não saiba - ou prefira ficar indiferente -, é que o adoecimento de Lula tem muito a ver com sua história pregressa de vida pública, desde sua atuação em sindicatos metalúrgicos até a presidência da república, portanto, sendo merecedor de tratamento digno de saúde, o que deveria ser oferecido indistintamente a todos os brasileiros, conforme preconiza o SUS em seus princípios fundamentais.      

Por outra parte, não se pode negar que o governo Lula lutou pela validação da universalidade e equidade no SUS. E, no setor saúde, embora ainda haja muito a ser feito, foram muitos os avanços patrocinados por esse governo durante as duas gestões.   

          

Com certeza, a história nacional justa contará que Lula não foi um déspota, pelo contrário deu exemplo de um democrata; investiu maciçamente no social e garantiu o crescimento econômico do país. Também não pode poupar críticas a sua convivência pacífica com a corrupção e com maus políticos, alguns deles seus algozes, em tempos que não vão longe. 

         

Agora, longe do poder, Lula tem a saúde abalada. Chegou a hora de se saber quais seus verdadeiros amigos e amigas. Sem dúvida, dentro e fora da política, ele sempre enfrentou uma elevada carga de estresse, perseguição, situações conflituosas, inimizades, invejas. É certo que, além disso, ele herdara uma genética com probabilidade favorável ao desenvolvimento de câncer. Procedente do nordeste, conviveu em uma família extensiva e muito pobre. Teve dezessete irmãos, sendo sete do casamento do seu pai Aristides Inácio da Silva com a mãe dele, Dona Lindu, e outros dez, do relacionamento do pai com dona Valdomira.  

           

Como se vê, trata-se de uma prole grande e com caso de câncer registrado. Há cinco anos, o seu irmão Jaime Inácio da Silva, 74 anos, marceneiro aposentado, descobriu que estava com câncer na região do pescoço, próximo das amígdalas, no momento em que realizava uma consulta com um odontólogo. Para sobreviver, Jaime submeteu-se a um tratamento semelhante ao que Lula enfrenta agora e, embora tenha sofrido muito, hoje está curado conforme informação de seu irmão José Ferreira de Melo, o Frei Chico.     

Sobre o câncer de laringe: ocorre principalmente em homens e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e do pescoço. Representa, conforme o Instituto Nacional de Câncer, cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área e 2% de todas as doenças malignas. Situa-se na laringe, sendo que 67% dos tumores surgem na corda vocal verdadeira, localizada na glote, e 33% acomete a laringe acima das cordas vocais. O carcinoma epidermóide é o tipo histológico mais prevalente. Calcula-se que em 2009 tenham sido contabilizados 9.320 casos novos e em 2008, esse tipo de câncer tenha matado 3.142 brasileiros e 452 brasileiras. 

São fatores de risco para o câncer da laringe: tabagismo, alcoolismo, genética e refluxo gástrico, além de causas virais. Na maior parte da vida, Lula esteve exposto a quase todos. Além de fumar um maço de cigarro diariamente – durante mais de quarenta anos - ele sempre apreciou uma boa cachaça, cerveja e uísque. Quanto à genética, a exemplo do irmão Jaime, certamente herdara mutação em genes específicos para câncer, favorecendo o desenvolvimento da doença.     

Boa nova: o tumor da laringe de Lula foi detectado cedo e o tratamento imediatamente iniciado. A equipe que cuida do ex-presidente é composta de profissionais altamente capacitados e os meios operacionais de combate à doença são excelentes. Resta ao povo brasileiro rezar e torcer pelo restabelecimento desse brasileiro-nordestino que tanto fez pela nossa pátria e que muito mais poderá ainda fazer. Desejemos Lula Vivo pela vontade de Deus e pela força e apoio do povo brasileiro. Como dizia o slogan de sua campanha de 1989: “sem medo de ser feliz”.