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segunda-feira, 17 de março de 2008

A PROCISSÃO DOS HOMENS


Por Misael Nóbrega de Sousa

O andor desce os degraus da igreja de nossa Senhora da Conceição e segue pelas ruas da cidade de Patos, numa procissão de fé. É inconfundível o ruído da matraca, determinando o compasso, à frente da multidão de homens que se forma apressada. Os semblantes são diferentes, embora cônscios de que aquele é mesmo o percurso da salvação.

Bem-aventurados os que escolhem peregrinar à meia-noite, da quinta-feira da paixão, como testemunhas da tradição monástica. O sarcófago sendo carregado nos ombros de concidadãos bucólicos... - para que jamais seja sepultado na incredulidade terrena.

Seguem todos nas contas do rosário, celebrando a própria história, e nos paralelepípedos mosaicados que se estendem doravante, a penitencia e a comunhão com o Altíssimo. O atrito daqueles pés no chão do mundo, feito passos desordenados emite, ao mesmo tempo, um som de marcha para o céu.

Às portas das casas, mulheres contemplam a demonstração de reverência, daqueles que suportam o tempo, embrutecidos pela vida. E ficam ali, até que o último homem sossegue seu caminho. Com o passar do séqüito, as mesmas senhoras se voltam para dentro de si mesmas. Recolhe-se, com elas, a oração consagrada: para que a alma de seus homens regresse menos atribulada.

O recebimento do corpo Santo se dá na matriz de Nossa Senhora da Guia... O reverendo, de vigília, pede para ampliarem a alocução. A prece deixa de ser negligenciada. E todos os homens passam a balbuciar palavras fervorosas de homilia.

Assim é a procissão dos homens: o sacrifício de se repetir o gesto de carregar a Cristo; a presença do filho varão para o alargamento da certeza; o gesto pueril de se depositar um ramo no esquife; o beijo à modelagem/imagem que representa a absolvição divinal de todas as maldades... – a fidúcia renovada de melhores dias.

Professor e jornalista


foto:patosemrevista

Um comentário:

Geraldo Dedeu disse...

Com palavras rebuscadas e cônscio da sua importância na divulgação da fé e dos momentos históricos em nossa cidade, Misael descreve com grande eloqüência os acontecimentos que antecedem bem como todo o séquito da procissão dos homens.
Misael, que outrora, esstivemos juntos em bancos escolares, no sempre “Pedro Aleixo” hoje Mosenhor Manoel Vieira, à época lutando pelo nosso recém criado Grêmio Livre, em substituição aos Centros Cívicos, conosco (Francisco Izidoro; Dário Raposo; Jonildo e Jamilson Brasileiro; entre outros tantos).
Lembro-me que sendo o Diretor de Imprensa do Grêmio, rodávamos os “jornais” com estêncil a óleo.... Bons tempos...
Seguimos destinos opostos, porém complementares... Este no jornalismo , enquanto esse, na Segurança Pública, que apesar de combalida, relegada a segundo plano, tem sua importância.
Meus parabéns, Sr plumitivo.... Continue abordando estes aspectos tão bonitos da cultura patoense.
Em tempo: Não sou Católico; Evangélico; Budista ou coisas afins.... Me vejo hoje como Agnóstico!!!
http://gj.dedeu.zip.net

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