Foto:Gov. Paraíba |
Vacinas serão aplicadas em
meninas entre 9 e 11 anos. Ministério da Saúde recomenda que municípios também
realizem vacinação nas escolas.
Meninas de 9 a 11 anos da
Paraíba já podem tomar a vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV), usada na
prevenção do câncer do colo do útero. No estado, mais de 100,5 mil meninas
deverão receber a vacina. Para isso, o Ministério da Saúde enviou 105,5 mil doses
do imunobiológico ao estado. A expectativa do Ministério da Saúde é a de
vacinar 4,94 milhões de meninas em todo o país. Junto com o grupo de
adolescentes de 11 a 13 anos vacinadas no ano passado, essa pode ser a primeira
geração praticamente livre do risco de morrer do câncer do colo do útero. A
meta é vacinar, em parceria com as secretarias estaduais e municipais da saúde,
80% do público-alvo.
A novidade para este ano é
a inclusão de 33,5 mil mulheres de 9 a 26 anos que vivem com HIV. Mais suscetível
a complicações decorrentes do HPV, esse público tem probabilidade cinco vezes
maior de desenvolver câncer no colo do útero do que a população em geral. A
inclusão do grupo como prioritário para a prevenção segue recomendação da
Organização Mundial da Saúde (OMS), do Comitê Técnico Assessor de Imunizações
(CTAI) do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em conformidade com o
Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais.
“A vacina é extremamente
segura, uma proteção para a vida. Além de proteger a menina, os estudos mostram
que a comunidade também fica protegida. Por isso, devemos alertar os pais e
responsáveis sobre a importância da vacina. A parceria com as escolas é
fundamental nesse esforço do Ministério da Saúde. Precisamos contar com a
colaboração dos pais e das escolas para conseguir alcançar a nossa meta e
começar a escrever uma outra história no nosso país de enfrentamento à essa
doença, que é o terceiro tipo de câncer que mais mata as mulheres no Brasil”,
reforçou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante o evento de lançamento da
campanha, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (9/3).
A vacina está disponível
desde o início de março nas 36 mil salas de vacinação. Para este ano, o
Ministério da Saúde recomenda aos estados e municípios que façam parcerias com
as escolas públicas e privadas, repetindo a estratégia adotada na primeira dose
da vacina, quando 100% do público estimado, de 4,95 milhões de meninas de 11 a
13, foi vacinado. Já a segunda dose, que teve o foco a administração apenas nos
postos de saúde, alcançou 2,9 milhões de meninas, atingindo 58,7% do
público-alvo. Na Paraíba, 99,2% das adolescentes de 11 a 13 anos receberam a
primeira dose da vacina. Já na segunda fase da campanha, a adesão foi de 60,7%.
“Com a introdução da
vacina, podemos reduzir drasticamente os casos de câncer do colo do útero e a
taxa de mortalidade. Com isso, poderemos ter a primeira geração de mulheres
livre da doença. Para isso, é importante que as meninas completem o esquema
vacinal, tomando as três doses da vacina, conforme o calendário preconizado
pelo Ministério da Saúde. Quem ainda não tomou a segunda dose, não pode deixar
de tomar”, alerta Chioro.
ESQUEMA VACINAL – Para receber a dose, basta
apresentar o cartão de vacinação e o documento de identificação. Cada
adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção. A segunda deve
ser tomada seis meses depois, e a terceira, cinco anos após a primeira dose. A
partir de 2016, serão vacinadas as meninas de 9 anos.
As meninas de 11 a 13 anos
que só tomaram a primeira dose no ano passado também podem aproveitar a
oportunidade de se prevenir e procurar um posto de saúde ou falar com a
coordenação da escola para dar prosseguimento ao esquema vacinal. Isso também
vale para as meninas que tomaram a primeira dose aos 13 anos e já completaram
14. É importante ressaltar que a proteção só é garantida com a aplicação das
três doses.
Para as mulheres que vivem
com HIV, o esquema vacinal também conta com três doses, mas com intervalos
diferentes. A segunda e a terceira doses serão aplicadas dois e seis meses após
a primeira. Nesse caso, elas precisarão apresentar a prescrição médica.
Desde março de 2014, o SUS
oferece a vacina quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do
vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia em quem segue corretamente o
esquema vacinal. Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos
casos de câncer do colo do útero em todo mundo e os subtipos 6 e 11 por 90% das
verrugas anogenitais.
A vacina contra HPV tem
eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não iniciaram a vida
sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus. Hoje, é utilizada
como estratégia de saúde pública em mais de 50 países, por meio de programas
nacionais de imunização. Estimativas indicam que, até 2013, foram distribuídas
cerca de 175 milhões de doses da vacina em todo o mundo. A sua segurança é
reforçada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para a produção da vacina
contra o HPV, o Ministério da Saúde firmou Parceria para o Desenvolvimento
Produtivo (PDP) com o Butantan e o Merck. Serão investidos R$ 1,1 bilhão na
compra de 36 milhões de doses da vacina durante cinco anos – período necessário
para a total transferência de tecnologia ao laboratório brasileiro. Para 2015,
a previsão do Ministério da Saúde é de adquirir 11 milhões de doses.
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
– O
câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer que mais mata mulheres no
Brasil, atrás apenas do de mama e de brônquios e pulmões. O número de mortes
por câncer do colo do útero no país aumentou 28,6% em 10 anos, passando de
4.091 óbitos, em 2002, para 5.264, em 2012, de acordo com o Atlas de
Mortalidade por Câncer no Brasil, publicação do Ministério da Saúde e do
Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Tomar a vacina na
adolescência é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher deve adotar
para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero. No entanto, a imunização
não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do preservativo nas
relações sexuais. O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa
etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três
anos, após dois exames anuais consecutivos negativos.
O HPV é um vírus
transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de
relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do
parto. Estimativas da Organização Mundial da Saúde indicam que 290 milhões de
mulheres no mundo são portadoras da doença, sendo 32% infectadas pelos tipos 16
e 18. Em relação ao câncer do colo do útero, estudos apontam que 270 mil
mulheres, no mundo, morrem devido à doença. Neste ano, o Instituto Nacional do
Câncer estima o surgimento de 15 mil novos casos.
Por Carlos Américo, da
Agência Saúde
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