Elaine, ao centro, hoje é mais comunicativa e capricha mais nas tarefas. |
“Perceber as sensações
desde criança é muito importante, pois ela saberá distinguir sensações
agradáveis ou não, saber que o que é agradável pra uns nem sempre é pra outros”. (Maria
Lucia Pereira da Silva – professora da
EEEF Prof. Nestor Antunes de Santa Cruz)
Todos
os educadores e educandos da rede estadual de ensino, do 1º ao 5º ano, estão
vivenciando um novo e importante desafio: mudar a história de relacionamento em
sala de aula, que garanta paz, interatividade e ganhos na aprendizagem. Essa
proposta está sendo possível em 139 municípios paraibanos a partir da
implantação da metodologia Liga pela Paz, que foi abraçada pela Secretaria de
Estado de Educação da Paraíba.
Os gestores já estão percebendo as mudanças positivas
advindas desse novo método que faz da emoção um laboratório para mudanças de hábitos
e comportamento, no despertar para o verdadeiro sentido da educação e da cidadania.
Para a educadora Marcedônia Oliveira Alves, da
EEEF Francisco Campos, de João Pessoa, trabalhar com emoções é um desafio
diário na rotina do professor em sala de aula. Ela elogia o conteúdo do
material pedagógico e lembra uma historinha compartilhada com os alunos, “A
Liga Pela Paz e o Mistério das Emoções Sequestradas”, uma reflexão sobre como
seria se não houvesse o medo, a tristeza, o amor e como viver sentimentos
comuns a todos, mas que às vezes limitam nossas ações.
Pela metodologia Liga Pela Paz os educadores utilizam uma
estrutura de aula com conteúdos sugestivos que facilitam maior aprendizagem do
aluno. Uma das primeiras práticas em sala de aula é o “Painel das Emoções”,
confeccionado pelos próprios alunos e professores. No painel constam os nomes
de todos os alunos da sala, seguidos de um bolso em que é colocada uma “ficha
rostinho”. Estas são pequenos desenhos de carinhas alegres, tristes, raivosas,
ciumentas, medrosas etc. Deste modo, logo no início das aulas de Educação
Emocional e Social, os alunos são convidados a pensarem como estão se sentindo
no dia e sinalizar isto aos colegas.
Para a professora Morgana Farias de Luna, da
EEEF Augusto Severo, da cidade de Cabedelo, o painel das emoções ajudará
bastante a desenvolver no aluno a capacidade de reconhecer suas emoções,
como também a dos colegas, para que possa refletir como está se sentindo e
compreender a emoção do companheiro naquele momento.
Esta prática, além de apresentar e nomear as emoções aos
alunos, aumentando seu vocabulário emocional, estimula o reconhecimento das
emoções em si mesmos e nos colegas de sala. É um recurso pedagógico versátil que também pode ser utilizado nas
aulas regulares sinalizando ao professor sobre o estado emocional de seus
alunos.
“Nessa atividade o educando
desenvolverá habilidades de autoconhecimento através dos estados emocionais,
compreendendo assim seus próprios conflitos internos e externos. Entenderá um
pouco do universo que o cerca”, explicou Adília Célia Nobre, educadora da
escola Cônego Cartaxo Rolim, de Sousa.
Gradualmente o vocabulário emocional
dos educandos tem aumentado, conferindo-lhes a capacidade de nomear e saber o
que estão sentindo com mais clareza e tema das emoções ganha mais espaço para
ser trabalhado no ambiente escolar.
Para os professores envolvidos com a Liga Pela Paz, essa
metodologia, que trabalha a emoção na busca pela descoberta das próprias
emoções, tem contribuído bastante para que se tenha uma comunidade escolar
sadia e harmoniosa, com mais tolerância, diálogo e respeito mútuo, fatores primordiais
para se atingir a paz almejada e maior desenvolvimento educacional. “O trabalho da Liga pela Paz faz com que haja uma maior
harmonia entre as crianças, resgatando os valores para uma boa convivência,
fato de grande importância”, é o que pensa a educadora Heliana Medeiros de
Morais Santos, do Conselho Escolar Dom Expedito Eduardo de Oliveira, de Patos.
O painel das emoções vem permitindo aos alunos se
expressarem mais abertamente. Como é uma atividade que acontece às
sextas-feiras, muitos educandos chegam a sugerir a antecipação desse momento, segundo
coloca a professora Maria do Socorro Estevam, do 4º ano da EEEF Professora
Maria Nunes, da cidade de Patos. Renaura Alves de Carvalho, mãe da aluna Elaine
Alves, diz que sua filha, a partir do exercício do painel das emoções tornou-se
mais comunicativa e alegre. “Ela hoje gosta mais da escola, está mais atenta e
capricha nas tarefas”, comentou. Já
Elaine enfatiza que durante a confecção do painel, “além de recortar e pintar
carinhas a gente diz como está se sentindo naquele momento”.
Marcos Eugênio
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