Acompanha mais um texto de extrema reflexão de Francisco Almeida de Lucena, colunista do pbnoticias.com, que esta semana oferece aos leitores a crônica intitulada A queda da máscara.
A queda da máscara
Por Francisco Almeida de Lucena
Ao longo de toda a nossa vida adquirimos a impressionante capacidade de nos safar das mais difíceis e incômodas situações da vida cotidiana. Para isso lançamos mão dos mais variados meios: mentimos, omitimos, criamos, chantageamos, fugimos, disfarçamos, bajulamos. O mais raro é encontrar quem admita tais mecanismos, a grande maioria apóia-se num discurso extremamente fundamentado na verdade e na honestidade, reclamando pra si próprio os mais altos valores – ninguém admite ser um canalha.
Pois bem! Eu quero admitir. EU SOU UM CANALHA!!!!! Mas, não sou um canalha qualquer, sou daqueles legítimos, originais, de acordo com as normas internacionais da canalhice. E se é pra acanalhar mesmo, acho necessário justificar essa minha condição.
Vivo à sombra de ideias alheias às quais me submeto, covardemente, apesar de tantas vezes delas discordar;
Acredito em Jesus de Nazaré, vivo e libertador, e ainda temo dizer com todas as letras o que isso significa para os homens e mulheres do mundo, especialmente os que se dizem cristãos;
Morro de vontade de apostar e uma revolução social, política, cultural e religiosa, mas acovardo-me na comodidade da minha pobre e medíocre vida;
Abri mão de mim mesmo à espera de algo que desde sempre sabia não ser possível;
Confiei o que eu tinha de melhor em mim a quem jamais quis o meu melhor;
Aos trinta decido o que devera aos vinte – estou dez anos atrasado;
Engulo sapos ao dar crédito aos meus colegas canalhas que querem aproveitar-se do mísero prefixo que foi adicionado ao meu nome;
Poderia dar continuidade à longa lista que justifica a minha condição de canalha, mas isso significaria o completo desmascaramento do canalha que sou. Prefiro deixar ainda um pouco para depois, ou para nunca mais.
Quem não tiver pedras, atire o primeiro pecado!!
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