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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A matança das árvores em Cajazeiras

Inácio Andrade Torres
(colaborador do Garimpando)

No tempo de meu pai, sob esses galhos
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!
Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri.
Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!

Com essa poesia do grande poeta paraibano Augusto dos Anjos, iniciamos esse artigo, cujo objetivo é o de chamar a atenção dos humanos sobre a importância de preservação do meio ambiente, neste caso as florestas.
Comemorado no 21 de setembro, o dia da árvore pode ser traduzido como um momento para reflexão sobre a conservação da natureza e preservação das nossas florestas. Uma oportunidade para refletirmos sobre as árvores que já derrubamos e tentarmos nos redimir deste gesto infeliz e injusto contra esses seres indefesos. A chance de melhor enxergarmos as árvores como seres amigos que nos ofertam sombra como abrigo, servem de alimento e como instrumento de purificação do ar.
Para os que ainda não sabem, o dia da árvore, 21 de setembro, foi escolhido pelos índios. Nessa data, eles comemoravam o início da primavera. Com certeza, em Cajazeiras e em grande parte do Brasil, neste mês, houve muitas comemorações. Isso é bom, mas não é tudo. É preciso promover a educação ambiental desde a educação infantil. Ensinar as pessoas o significado que existe em uma árvore. Fazê-las entender que se trata de um ser vivo que, como nós humanos, nasce, cresce, e morre; enfrenta dificuldades para a sobrevivência e desenvolve mecanismos para viver, portanto merecendo o nosso respeito.

É preciso ensinar as novas gerações que as árvores em nada nos prejudica, pelo contrário, fornecem frutos e semente essenciais para a nossa alimentação e para a manipulação de produtos medicinais e industriais. Que ao proteger a terra com sua sombra e suas raízes, que evaporando a água, que mantendo o ar úmido, que produzindo o oxigênio - gás imprescindível a todos os seres vivos animais - e que participando do ciclo hidrológico, elas (as árvores) preservam o nosso planeta, tão agredido pelo homem.
Em Cajazeiras, precisamos urgentemente de suscitarmos uma discussão sobre a preservação de árvores, sobretudo na zona urbana. Aliás, a arborização de praças, ruas e avenidas constitui-se em um bom indicador, capaz de demonstrar o zelo, o cuidado e o trato tanto de uma gestão municipal quanto de uma população, para com a conservação das árvores, bem como serve para medir o nível de educação ambiental de um povo.
Estamos precisando dessa discussão em Cajazeiras, pois nos últimos tempos temos verificado uma verdadeira matança de árvores, sobretudo no centro da cidade, onde a golpes de foices, serrotes e outros instrumentos foram derrubadas várias árvores em plena luz do dia, e todo esse “assassinato” transcorreu sem nenhuma manifestação ou intervenção de quaisquer órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente. Mesmo que houvesse uma justificativa aceitável para a morte dessas árvores, que pelo menos se prestasse um esclarecimento à população.
Em tempo: essa situação acontece também em Patos, sobretudo no centro da cidade. Que pena!
Inácio Andrade Torres – professor da UFCG – Campus de Cajazeiras, Paraíba
fotos:meramente ilustrativas

Um comentário:

Snake/// disse...

Essa situação acontece em todos os lugares do país! Parece que calores de mais de 40° e sol ardendo a pele a ponto de provocar cancêr, ainda não são argumentos suficientes para manterem as árvores vivas.

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