Jovem indo para mais uma troca de curativo. |
Um acidente envolvendo uma moto e
um carro na zona rural de Princesa Isabel, fato ocorrido no dia 6 de setembro último
causou grave lesão na perna de um jovem de 15 anos, que teve fratura de diáfise
de tíbia. Devido seu estado clínico necessitar de cuidados mais especializados,
foi transferido para o Hospital Regional de Patos, onde passou a ser
acompanhado pela equipe de plantão. Durante a cirurgia houve evolução do
ferimento para secreção, necrose, infecção local devido a grande perda de
partes moles da perna, com exposição de osso e do tendão de Aquiles, sendo
necessários mais dois procedimentos cirúrgicos.
A gravidade da lesão levava à
necessidade de amputação. A família foi comunicada pelo médico ortopedista João
Suassuna sobre um tratamento, bastante caro, procedimento que vem sendo usado
há mais de dez anos no Brasil, mas pouco comum no âmbito da rede SUS, que não cobre
esse serviço. Trata-se de um curativo a vácuo, específico para ferimentos
complexos. Sem condições para custear o tratamento, os pais do jovem ficaram
transtornados pela possibilidade de verem o filho perder parte do membro
inferior.
O caso chegou à direção do HRP,
que entrou em contato com uma empresa fornecedora do curativo, que usa pressão
negativa sobre o ferimento, indicado pelo médico plantonista do Regional, que
conhece tal emplasto desde sua residência médica, no Rio Grande do Sul. Foi
feito contato com uma empresa de Recife, que enviou enfermeiros a Patos e foi
iniciado o tratamento do jovem no dia 21, com a primeira aplicação.
O produto atua através de
esponjas hidrofóbicas em cima da lesão, provocando a regeneração dos tecidos
devido a redução do edema, aceleração do processo de cicatrização, remove os
fluídos da ferida por meio de sucção através de bombeamento por um aparelho,
estimula o crescimento do tecido de granulação. O curativo veda a passagem do
oxigênio, evitando a proliferação de bactérias aeróbicas (que precisam do
oxigênio para sobreviver).
O tratamento, apesar de ser caro
para os cofres estaduais, acaba tornando-se barato pelo retorno rápido da saúde
do paciente. Os enfermeiros responsáveis pela aplicação da técnica do curativo
a vácuo vieram novamente a Patos cuidar do ferimento do jovem, fazendo a troca
do kit. Tal procedimento durou cerca de três horas no bloco cirúrgico. O
ferimento já vem apresentando certa granulação, recuperação de tecidos da
perna.
A enfermeira Ana Flávia, que veio
de Recife, explicou que, mesmo com toda a perda de músculos, da exposição da
tíbia e do tendão de Aquiles, esses curativos são a última condição que se
espera para que o jovem não perca o membro (perna), e que, pela granulação que
vem ocorrendo no local do ferimento, praticamente não haverá necessidade de
amputação. “Com a troca de curativos pudemos constatar bastante tecido de granulação,
sangramento, que não existia, e redução de tecidos mortos que havia nas aplicações
anteriores”, enfatiza.
Os procedimentos, que precisam
acontecer no bloco cirúrgico, recebe acompanhamento, com bastante interesse,
dos profissionais do HRP, cirurgiões ortopédicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas. O jovem deve
receber mais uns três curativos para depois seguir tratamento de cirurgia
plástica e passar por novas avaliações.
Nesta semana haverá duas trocas
de curativos a vácuo. Espera-se também os resultados de exames de cultura, para
que os antibióticos que estão sendo administrados ao paciente possam ser também
avaliados.
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