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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Famílias comparecem à escola para dialogar sobre emoções


Pais bastante participativos no povoado de Várzea, Princesa Isabel

Dinâmica para conhecimento do grupo


O riso e o choro foram elementos marcantes no quinto encontro “Emoções na Família”, realizado este mês no povoado Várzea, no município de Princesa Isabel, a 480 Km da capital João Pessoa.

Os encontros de sensibilização, em que as escolas convidam as famílias dos alunos a fazerem parte de um importante processo de aprendizagem das emoções, tem a finalidade de promover a cultura de paz na rede estadual de ensino, bem como em toda a comunidade. Trata-se de uma ação pioneira do Governo da Paraíba em parceria com a organização Inteligência Relacional, por meio da metodologia Liga Pela Paz.

No povoado de Várzea, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Marçal Lima Neto, fundada em 1949, as mães, pelo fato de estarem participando ativamente desses encontros na escola, inovaram e confeccionaram camisas que tratam do tema Educação na Família como uma maneira de afirmar esse compromisso em participar mais da educação dos filhos.

A assiduidade e interatividade dos participantes têm atingido altos níveis de reflexão em torno dos temas propostos. “Os encontros com as famílias na escola têm sido instrumento de abertura de diálogo entre pais e filhos. A gente percebe e escuta vários depoimentos das mães afirmando que a relação no lar tem melhorado bastante, inclusive entre o casal, algo que não existia”, diz Joseane André, gestora da Marçal Lima Neto.

Aproximação pai filho

Adriana Lustosa
Mônica Lopes da Silva, mãe de uma aluna, revela que os encontros permitem a ela desenvolver habilidades como relaxar, dialogar mais em família e ter consciência da importância de se ter atitudes não violentas. Para outra mãe, Maria Aparecida, as reuniões das famílias na escola estão permitindo maior aproximação dela com o filho. “Converso mais com meu filho, há maior aconchego. Através dos encontros a gente tenta ajudar, participar mais da educação dele”, comentou. O técnico administrativo e pai de aluno, Carlinhos Morais, enfatiza a melhoria da autoestima, com os pais mais participativos, alegres, cordiais a partir dos encontros que estão levando-os à escola.

Aprender a lidar com as emoções, desenvolver habilidades como o perdão, diálogo, afetividade, empatia, respeito ao próximo, faz parte de um rico conteúdo que vem transformação a educação pública estadual desde o ano passado, quando as crianças do 1º ao 5º ano passaram a vivenciar essa experiência.

Para o professor da EEEF Ministro Alcides Carneiro, de Princesa Isabel, Emanuel Tenório, o programa Liga Pela Paz tem ajudado bastante aos alunos e famílias, especialmente as que vivem em áreas de risco social. “No primeiro encontro que realizamos com as famílias, 98 pessoas participaram. A gente tem percebido que o diálogo melhorou entre pais e filhos. Isso é um passo importante para que aconteça maior harmonia, interatividade na comunidade escolar”, enfatizou.

De forma unânime educadores, gestores escolares, pais de alunos perceberam as mudanças positivas de comportamento das crianças a partir das atividades em sala de aula com a Liga Pela Paz. As pesquisas confirmaram a transformação que levou as famílias a questionar por que seus filhos estavam mais calmos, atentos e amáveis.

Mas faltava também os pais dos alunos experimentarem esse processo de reflexão, de amplo diálogo em torno das emoções. Os educadores cobravam isso, até para que as famílias viessem para dentro de sala de aula e passassem a entender suas emoções e de seus filhos, a partir dos oitos encontros previstos pela metodologia Liga Pela Paz.

EEEF Dom Expedito, de Patos
A EEEF Dom Expedito Eduardo de Oliveira, de Patos, que desde o ano passado trabalha a educação emocional das crianças, também já conta com a presença da família em sala de aula. A diretora Adriana Lustosa reclama da ausência dos pais no acompanhamento da educação dos filhos e que o programa Liga Pela Paz, através dos encontros Emoções na Família – Construção da Paz, está permitindo esse resgate do diálogo, do maior envolvimento dos pais no processo educacional e emocional de seus filhos.

A educadora Maria de Fátima, da EEEF Alceu do Amoroso Lima, de Campina Grande, destacou a importância desse processo de sensibilização das famílias. Comentou que muitos pais de alunos ainda colocam a responsabilidade da educação de seus filhos unicamente para a escola, ficando à margem desse acompanhamento de desenvolvimento das crianças. Em média 85% dos pais estão participando dos encontros.

“Nessas reuniões a gente tenta passar a realidade da escola, que é diferente daquela que os pais estão acostumados em casa. Percebemos que já existe maior interesse, envolvimento dos pais no desenvolvimento de suas emoções para que juntos possamos ter uma verdadeira cultura de paz na rede escolar”, comenta a educadora.



Caren Domingues, consultora pedagógica da organização Inteligência Relacional, coordenou semana passada em Patos a primeira reunião de acompanhamento pedagógico com gestores escolares e educadores socioemocionais, que estarão sempre à frente dos encontros Emoções na Família. Elogiou a condução dos encontros pelos educadores e considerou positiva a presença dos pais, que compareceram em grande número.

Gilka Cássia, coordenadora regional do PSI –Primeiros Saberes da Infância da 6ª Gerência de Educação (Patos), explicou que no início foi bastante difícil trazer a família quinzenalmente para dentro da escola para participar dos encontros, especialmente nas comunidades mais carentes. No entanto, Gilka afirma que os resultados têm surpreendido e são muito positivos. “Estamos conseguindo resgatar a família para a escola, para que possa ser presente na educação de seus filhos, desenvolva suas habilidades emocionais e conviva mais harmonicamente em casa, no contexto geral da comunidade escolar”, enfatizou.


 Marcos Eugênio

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