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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Patos, minha terra natal!












Inácio A. Torres

Patos é minha terra natal. Dela guardo lembranças que me vivificam. Dela tenho saudades que me fortalecem. Provérbios são traidores, mesmo assim continuo crendo que profeta também se é na terra natal. E que recordar é viver, embora Alcides Carneiro insista em dizer quer “recordar é viver de lembranças e viver de lembranças é morrer de saudades”.

Particularmente, tenho a crença de que boas lembranças e boas saudades prolongam a vida, alegram a alma e animam o espírito, por isso hoje desejo falar e reviver coisas do passado.Os rios Cruz, Farinha e o velho Espinharas que desciam açodados, cheios, de barreira a barreira, animando a molecada.

O Jatobá, nosso açude pioneiro – só depois vieram Barragem, Farinha e Capoeira -  que em dias de sangria era uma grande festa.

O banho de biqueira em frente à casa onde nasci na Padre Anchieta, bairro Santo Antônio. A barragem de D. Elvina... Águas de vida... pingos de boas lembranças e  saudades.

Os grandes comícios de Zé Cavalcante, Zé Gayoso e Rui Gouveia. Os discursos de Ernany Sátyro, o amigo velho, verdadeiras aulas de civismo e de civilidade. O corujão de Edivaldo Mota e de Chico Bocão. Os jovens políticos Gilvan Freire, Polion Carneiro, Marcondes Sobral, Antônio Simões e tantos outros.

A difusora de Otacílio Divino. O programa Estudante em Marcha na rádio Espinharas, feito a capricho por colegas como Buarque Fernandes, Edmilson Menezes. A Crônica das Doze do Padre Assis. O Forró de Batista Leitão. Edileuson Franco narrando, como ninguém, as partidas de futebol antes, no campo do Ginásio Diocesano e depois no Estádio Zé Cavalcante, em tardes de pelejas aguerridas do clássico Nacional e Esporte (único escrito com E).

O Clube Fortelândia e a Casa do Estudante com seu eterno presidente Juraci Dantas, amigo que ainda hoje sempre nos encontramos na Peixada do Donato, tão bem administrada por Lula, lá no bairro Jatobá – sem bairrismo um pirão sem igual.

A Escola Mista Espinharas, onde tudo começaria com D. Jacinta Xavier de Amorim, minha primeira mestra. O Instituto Leão XIII de Luiz de França e Chico Satyro onde as professoras Lourdes Gomes, Ursulina – minha mana – Dejalina ensinamram-me que o respeito e a amizade são coisas úteis neste mundo

O velho Diocesano do Monsenhor Vieira. As aulas de matemática de Onilva, as de geografia com professor Oliveira e Ana Cartaxo, as de Português com Messias, Badu e Antônio Fernandes e as de História com D. Terezinha.

Do Colégio Estadual, lembramos de Dra. Terezinha, D. Lyen, Dr. Marcos Urquiza, Dr. Cajuáz e tantos outros cujos nomes permanecerão estatuados nas mentes e corações de seus alunos.

Quem pode esquecer da esquina de João David, onde Santo Garapa e outros idosos da época discutiam com Mestre Ábdon, Valdemar do Pandeiro e S. Arsênio temas políticos da época. O encantamento do desfile do 7 de setembro.

Os clubes da periferia: Fluminense de Totô, o Flamengo de Vigolvino, o Guarani de Tião Bilú, o Botafogo de Toinho, o Estrela do Belo Horizonte, o Bariri do São Sebastião e tantos outros que participavam de fantásticos campeonatos de times amadores.

Lembremos ainda dos Festivais de Música realizados no Cine Eldorado com animação dos conjuntos: Os Jovens, dos irmãos Agnaldo e Toinho e o Z-Sete de Brandão e Everaldo. A procissão dos homens tendo a frente o Padre Levi Rodrigues.O Tiro de Guerra da época de sargentos Hélio, Bezerra e Eudinho.

As quadrilhas das ruas Espinharas, Padre Anchieta, Augusto dos Anjos e Dezoito do Forte. Os forrós – Festa do Milho – nas quadras do Rio Branco, Estadual, Tiro de Guerra e Tênis Club, animadas por Pinto do Acordeon, Gê Maria, Derrés e outros artistas.

Os cinemas Eldorado e Prado, esse último agonizando em ruínas, mesmo assim tentou resistir. A Cruz da Menina e a Festa de Setembro historiadas por Flávio Satyro, Romildo e Damião Lucena. As Missões de frei Damião.

As histórias de Antonio Tranca Rua e de Zezinho Pintor. A beleza dos quadros de Perigo Neto, estampados na antiga rodoviária. O Revista da Semana, programa radiofônico, comandado por Luiz Gonzaga, talvez o mais antigo da Paraíba.
Time do Dioesano 1978

As composições de Amaury de Carvalho, Antonio Emiliano, Virgílio Trindade, Derréis e tantos outros artistas patoenses merecem mais divulgação. As obras de Allyrio Meira Wanderley, os livros de Zé Cavalcante, o museu de Afonso, merecem mais atenção. Falta fazer-se uma homenagem digna a João Ferreira, um cientista reconhecido na Rússia, nascido em Patos.

Esse é um ensaio sobre a minha terra e minha gente. Um momento de saudade aconchegante da terra onde tive, tenho e terei a felicidade de conviver com minha família grande e inesquecíveis momentos de felicidades. Encerro com esses versos saídos do coração e da mente saudosa.

Patos:
Ninguém tirará teu progresso, tua sorte
Teu destino traçado para o futuro.
Haveremos de lutar com garra: eu juro
Na busca de fazer-te ainda mais forte!

Em cada idoso teu e em cada criança
Eu vejo o renascer de um novo dia,
Salpicado da mais firme esperança
E da tintura da mais forte energia.

Patos ardente... minha terra querida!
Em teu seio finquei raízes de minha vida
Em teu solo o meu sonho de esperança.

Portanto, orgulhar-se de te nunca me cansa

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