SÃO JOÃO E O “FORRÓ PLÁSTICO”
Inácio Andrade Torres
Qualquer pessoa criada em um ambiente bem orientado, saudável e equilibrado (institucional ou familiar) sabe perfeitamente que os mais jovens devem reverenciar os mais antigos desse meio, digamos assim, nossos pais, avós, bisavós, tetravós. Sabe também que uma das maiores infrações dos humanos é excluir injustamente um membro de seus grupos, tribos, organizações e comunidades. A lei da inclusão é sempre salutar, justa e ética em todos os setores sociais, portanto deve estender-se para os nossos amigos, conterrâneos, colegas de trabalho, de estudo, músicos, professores, artistas, enfim a todos as pessoas.
Com essas palavras desejamos chamar a atenção para uma pendenga na qual quiseram, mas não conseguiram, enfiar o Secretário de Estado da Cultura, Chico César, esse grande representante da Paraíba no cenário musical brasileiro, quer como cantor, quer como compositor.
Tudo isso, porque o secretário numa demonstração de reverência, respeito e acatamento à música e aos artistas genuinamente nordestinos, disse que o governo estadual não iria pagar por shows de “forró plástico”. Essa metáfora desnecessariamente causou uma grande polêmica, a qual foi posteriormente explicada por uma nota divulgada pela Secretaria de Cultura.
Reforçando: ser pessoa equilíbrada e orientada vale muito.César, como secretáriao de cultura, tem apresentado, de sobra, essas qualidades, acrescidas de notável demonstração de respeito, solidariedade e amizade para com os colegas artistas de todos os estilos, lógico, que dentro dos limtes éticos e de justiça. Leia a seguir a o teor do documento.
“Tem sido destorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição.
São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava "Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver".
Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular”.
Tem razão o secretário, os nossos artistas, neste caso, são duplamente injustiçados. Ah! como faz falta as aulas de música, teatro e pintura nas escolas públicas e privadas de ensino fundamental e médio!? Se elas voltassem, certamente não tivéssemos tantos doutores – mesmo na academia – iletrados, insensíveis e desapaixonados pela nossa música.
Emenda breve: sem demérito a nota da Secretaria de Cultura deixou de inserir alguns nomes que não podem ser esquecidos como, Chico Amaro, Domingos Sávio e Cuscuz com ovo de Cajazeiras; Derrés e Bau e os quatro do Xamego de Patos; Grupo Sapeká, da cidade de Sapé; e tantos outros cantores de pé de serra, só para citar alguns nomes. No mais, nosso respeito e consideração aos que fazem as SCPB.
Em tempo: Cajazeiras, terra que ensinou a Paraíba a ler, e que foi uma das primeiras cidades do Brasil a instituir uma Secretaria de Cultura, extinguiu a sua neste fatídico 3 de junho de 2011.
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