Alexandre Garcia (Jornal da Manhã)
Publicada em 02/03/2011.
Os médicos e enfermeiros também estão no limite de fadiga. Eles são poucos, nos hospitais públicos, e os pacientes são cada vez mais. A responsabilidade sempre é deles, mas falta equipamento básico, como luvas, sondas, além de aparelhos para exames que são decisivos para o diagnóstico. Levam para casa as preocupações com a evolução de seus pacientes, em rede pública cujo ambiente em geral está longe do ideal. Estudam muito, ganham pouco e salvam vidas.
Também os professores estão no limite da fadiga. São reféns das mazelas que vão desaguar na escola. Pais indiferentes, pais violentos, pais drogados e bêbedos que mandam filhos para a escola apenas para marcar a presença que garante as bolsas do governo. Ou, em outro nível, pais que mandam para as escolas filhos mimados, que não estão preparados para frustrações ou contrariedades. A hipocrisia do politicamente correto acha humilhante alguém receber nota baixa, e é preciso aprovar até analfabetos. Professores são agredidos e ameaçados de morte, em meio a drogados e traficantes. Estão no limite.
Por que andamos tão tortos nesse país abençoado pela natureza? Estamos perdendo a noção da organização, do mérito, do valor da vida humana. O objetivo é ganhar dinheiro fácil ou aparentar que se faz alguma coisa, fazendo mal. Estamos satisfeitos com a mediocridade. Nos três exemplos acima, a estafa(como chamam nos Estados Unidos - aqui é stress...) mata de formas diferentes. Pilotos e médicos que erram por fadiga, levam a desastres no presente. Professores desestimulados por fadigas de todas as origens, não conseguirão evitar a morte do futuro.
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