Por Misael Nóbrega de Sousa
Patos, uma velha senhora, mas de coração varonil, dá mostras de que ainda vale a pena. Ela, essa destemida, sacode as agruras antepassadas e ressurge à cada revés, mais fortalecida; talvez pelo entusiasmo tão peculiar de seus filhos de espírito. Uma nota feliz: o teatro está deixando de ser sonhado. Acima da antiga Unidade Cultural estaremos mais próximos do céu... – e que venham as estrelas com suas constelações intermináveis. – E que assim, abundantes de luz, possamos ser menos arrogantes.
A soberba não combina com nada. Alguns artistas têm a ilusão do apuro absoluto. Esses são os mais tolos. Por toda a vida, ouvirão o que lhes for conveniente, como aplausos disfarçados de fingimento. Viverão sozinhos; e morrerão sozinhos. E, pior do que a solidão existe muito pouca coisa. Artistas bastem-se! De que vale o regurgito da empáfia. Um dia, o espetáculo passará; sairá de cena, assim, sem cerimônia, para dar lugar a um outro menos afetado. Nunca seremos inteiros, sinto dizer. A mim, Deus confiou uma corda de minutos. E, soprou-me às ventas. Vai meu filho de verdade encontrar teu caminho... – A melhor direção é também a minha punição, mas para isso tenho que confirmar quem sou. Ah! Um teatro! Para onde farão convergir todas as boas conversas. E as velhas e novas amizades; e os livros de história e as histórias inventadas, também; e as fotografias de antigamente e as fotografias de agora; E os Nelsons Rodrigues; e os Nelsons Rodrigues...
- Por tudo isso, o teatro só poderia nascer assim: suspenso. Se não terá a magnitude de Dodona, santuário oracular de Zeus, na Grécia antiga, onde as azinheiras sussurravam aos mortais, sob o olhar atento das impenetráveis montanhas de Epiro, o teatro de Patos, será erigido sob a égide da devoção. Colossal também não seria um termo apropriado, pois a hora não é de ostentação, mais de exeqüibilidade. Se quisesse ser mais preciso, talvez, justiça, perseverança e boa vontade, fossem atributos mais bem declarados. Porém, que se descortinem para o primeiro ato, os panos da discórdia. Em cena: todos os protagonistas dessa peça: Deus maravilhado; espelho da conquista. E que à platéia, assentado de forma emparelhada, esteja o nosso povo: vetor e válvula de escape; motivo e tolerância; inspiração divinal. Em cartaz, ad gloriam! Àqueles que nunca desistiram de sonhar. Para o registro da história, estamos no inverno do ano de 2008 de nosso Senhor Jesus Cristo; todos os açudes estão sangrando e o milharal já “emboneca”, à espera da colheita de junho.
Professor e jornalista
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