Inácio A. Torres
Fim de ano: não adianta chorar o leite derramado
Todo fim de ano, o mesmo cenário: ruas e lojas cheias de gente fazendo compras de última hora; aquele trânsito caótico; elevação de estatísticas de furtos e acidentes automobilísticos; explicações para justificar a não resolução de projetos do ano findo; enfim inúmeros argumentos para absolver sentimentos de culpa por erros cometidos que vão desde uma mentira, uma infidelidade, uma dívida não paga, uma atitude injusta com uma pessoa querida. Esses procedimentos provocam mudanças nos humanos. Algumas vezes para o lado bom, promovendo a evolução; e noutras nem tanto.
Todos desejam fazer limpeza da alma para entrada do ano novo, daí a avalanche de promessas quase sempre voltadas para mudança de comportamentos emocional, espiritual, psicológico; da aparência física e do controle de dívidas. Para alcançar tudo isso, recrudescem as costumeiras juras de perda de peso, abandono do fumo e do álcool, malhação, alimentação saudável, controle dos gastos, realização de exames e visitas sistematizadas aos profissionais de saúde. A melhor jura seria, como diz Gláucia Leal, “comer metade, andar o dobro e rir o triplo”.
A verdade é que o período de fim de ano mexe com as pessoas, levando-as ora a um estado de graça ora a um estado de baixo astral, constituindo-se em um fato social que vem sendo estudado me várias partes do mundo.
Daqui a poucas horas teremos um novo ano. À celebração desse momento dar-se uma importância enorme. Para alguns parece que é como se fosse o fim do mundo, por isso tudo em excesso: “beber, cair, levantar”; comer, nem digerir, vomitar. E 2013 vai-se e dele permanecerão as lembranças no cérebro humano, lamentavelmente quase sempre em maior número as piores lembranças.
Daqui a pouco, 2013 tornar-se-á um moribundo que dará seu último gemido. 2014 chegará como uma criança que dá o primeiro vagido. 2013 será passado, portanto somente história, saudades, lembranças. 2014 será futuro, mistério, esperanças e dúvidas. Eis aí a percepção de tempo para a maioria dos humanos.
“O tempo não me dá tempo, de bem o tempo fruir e nessa falta de tempo nem vejo o tempo fugir”, assim diz o poeta.Tudo passa sobre a terra disse José Alencar em seu romance Iracema. Assim são os anos e, no final de cada um deles, devemos comemorar com moderação para depois não chorar o leite derramado.
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