Raimundo feliz com a técnica que lhe rende R$ 5 mil ao mês |
Lixo da arte
Marcos Eugênio
Dobradiças velhas
de guarda-roupa, de armários, sucatas de lojas de moto, sandálias, correntes,
catracas de bicicleta, parafusos, pilhas, peças de computador, um simples botão
de camisa, tudo tem um enorme significado para o artesão Raimundo Monteiro
Costa, 45 anos, natural de Taperoá-PB, atualmente residindo na comunidade rural
Carnaúbas do Baixo, em São José do Bonfim-PB.
Algumas peças
estão expostas no Sebrae Patos, local em que encontramos Raimundo no momento em
que ele formalizava sua empresa no MEI – Microempreendedor Individual. Entusiasmado
pelo tratamento, incentivo do Sebrae, ele faz planos para sua linha de
produção. Hoje é algo em torno de 200 unidades/mês, que o lhe rende uma quantia
considerável, R$ 5 mil, levando-se em conta a fartura de matéria prima e um
custo baixo.
“Formalizado
agora, lutarei para ampliar minha produção. Tenho em mente terceirizar algumas
etapas dessa produção, o que vai aumentar a circulação de capital, os lucros,
pois poderei atender uma demanda maior”, fala mostrando seu conhecimento em
economia de mercado e valorizando a possibilidade de ampliação das vendas, que
hoje estão mais limitadas às rodovias na região de Guarabira-PB.
As peças
produzidas por Raimundo Costa despertaram a atenção do gerente regional do
Sebrae, Aldo Nunes, que percebeu a potência do artesão, que deverá em breve
expandir suas vendas além fronteiras paraibanas. “Todos que passam pelo Sebrae
param para admirar essas réplicas e muitos se interessam em levar uma para casa”,
diz Aldo Nunes, gerente regional.
O principal
público de Raimundo Costa são os caminhoneiros. Suas peças já ornamentam muitas
estantes de vários estados brasileiros. Motoristas que passam por seu stand de
vendas não resistem. “Houve o caso de um deles oferecer quatro vezes mais pelo
valor que cobro. Como era apenas expositor, pedi-lhe o endereço para enviar
pelos Correios”, enfatiza o artesão, que também já foi músico, sanfoneiro.
Ele enveredou
pelo artesanato por necessidades financeiras. Diz que ganhou um bom dinheiro
comercializando porta-retratos e imagens de santos feitas de gesso. Há apenas
três meses fez sua primeira réplica de trator, do que ele denomina de
artemonteiro, uma forma meio que patentear sua técnica, recebeu total apoio da
família e a partir daquele momento tem investido cerca de doze horas por dia.
Apesar das mãos cheias de calos, cicatrizes dos cortes que sofre na construção
das “máquinas pesadas”, diz ser feliz com o que faz. Ele conta com uma ajuda
preciosa, sua esposa, Ivanilda Marques, também artesã. Uma parceria que vem
dando certo no amor e no negócio.
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