O jornalista Mário Soares, que costumava criticar as homengens póstumas às pessoas que tiveram relevância para a sociedade, seja qual fosse a área, será alvo de sua própria crítica. "Depois que morre, que é adianta?", se expressava. O Comitê de Luta pela Cultura de Patos já decidiu que o Teatro Municipal terá o nome do jornalista Mário Soares. A idéia já está sendo elaborada em forma de projeto de lei pelo vereador Orlando Xavier. Acredito que nenhum vereador venha boicotar essa iniciativa.
Soares dedicou grande parte de sua vida em iniciativas que valorizassem as tradições culturais genuinamente de nossa região. Pesquisava, pensava e traduzia isso tudo em ações. Desde as quadilhas juninas que marcou por anos, os inúmeros projetos de sua autoria foram bem recebidos pela administração Nabor Wanderley, na qual cumpriu com desembaraço a função de diretor da Filarmônica 26 de Julho, depois gerente de Cultura. Basta citar a Orquestra Sanfônica, idéia trazida por ele de Campina Grande. Lutou por sua implantação e conseguiu vê-la brilhar no Terreiro do Forró. Esta, em forma de agradecimento, fez a última homenagem em seu enterro, cantando Asa Branca, de Gonzagão.
Costumava falar que a Sanfônica conseguia não apenas fazer ecoar o som mais tradicional da região, como também dar vez aos instrumentistas tão esquecidos da mídia, que a Orquestra tinha também seu papel social.
Lembro bastante quando ele me procurava desesperado em busca de sites governamentais na busca de informações sobre programas de incentivos culturais para poder inscrever seus projetos. Nada mais justo que homenageá-lo, até para que seu nome seja lembrado como exemplo, de pessoa simples, mas efervescente lutador pela valorização de nossas manifestações de raíz.
Acima, talvez sua última foto, na noite dé encerramento do São João de Patos.
foto:garimpandopalavras
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